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Polícia

Caso Djidja: polícia indicia mãe e irmão pela morte de ex-sinhazinha e por tráfico de drogas

Além Cleusimar Cardoso e Ademar, outras nove pessoas serão indiciadas por 14 crimes

20 jun 2024 - 16h06
(atualizado às 16h41)
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Djidja Cardoso, sua mãe, Cleusimar, e o irmão, Ademar
Djidja Cardoso, sua mãe, Cleusimar, e o irmão, Ademar
Foto: Reprodução/Instagram/@cleusimarcardoso

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de Djidja Cardoso e indiciará 11 pessoas por 14 crimes, entre eles, tortura com resultado de morte e tráfico de drogas. A mãe da vítima, Cleusimar Cardoso, e o irmão Ademar estão entre os indiciados. A informação foi dada nesta quinta-feira, 20, pela Polícia Civil em coletiva de imprensa. 

A suspeita é de que a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido do Festival de Parintins tenha sido causada por overdose de cetamina, uma substância de uso veterinário. O grupo é suspeito de fornecer, distribuir, incentivar e ainda promover o uso da substância de maneira recreativa. 

“A gente estima que se ela [Djidja] estivesse em vida, ela teria sido um dos autos da Operação Mandrágora. Infelizmente, ela veio a óbito, em razão do uso indiscriminado desse tipo de substância”, afirmou o delegado Cícero Túlio. 

A equipe de investigação apurou a existência de uma seita religiosa, fundada pela família de Djidja, chamada Pai, Mãe, Vida. Nesses cultos, funcionários da rede de salão de beleza da família da dançarina eram induzidos ao uso de cetamina e Potenay, outro fármaco veterinário. 

De acordo com a autoridade, as substâncias eram fornecidas por uma clínica veterinária de Manaus. Ao todo, dez pessoas já foram presas pelos crimes, entre elas estão:

  • Ademar Farias Cardoso Neto, 29 anos, irmão de Djidja;
  • Cleusimar Cardoso Rodrigues, 53 anos, mãe dela;
  • Verônica da Costa Seixas, 30 anos, funcionária do salão de beleza;
  • Marlisson Vasconcelos Dantas, também funcionário do estabelecimento
  • Claudiele Santos da Silva, 33 anos, funcionária;
  • José Máximo Silva de Oliveira, 45 anos, proprietário de uma clínica veterinária;
  • Emicley Araújo Freitas Júnior, funcionário da clínica que fornecia a cetamina;
  • Sávio Soares Pereira, funcionário da clínica; 
  • Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja Cardoso;
  • Hatus Silveira, personal trainer da família Cardoso. 

"O Bruno [ex de Djidja] se aproxima da família, integra essa seita religiosa e passa a auxiliar os trabalhos desses cultos que eram promovidos. O Bruno apresenta o Hatus [personal], que seria a [principal] ponte de ligação entre a família e um dos fornecedores, que seria o José Máximo [dono da clínica]", afirma Túlio. 

O delegado explica que Hatu teria se disposto a fazer um "trabalho de assistência" em relação à preparação física de quem fazia uso da cetamina, mas isso nunca ocorreu. Em dado momento, o personal também insere na utilização da família a Potenay, que, inicialmente, seria para ganho de massa muscular. 

Porém, a própria família --em especial Cleusimar e Ademar-- passa a estudar também o funcionamento dos elementos químicos que compõem a Potenay e verificam que a forma injetável intravenosa também traria alucinações e efeitos psicotrópicos, esclarece o delegado. 

Vídeos e conversas ajudaram na investigação

Conforme o delegado, os vídeos coletados nos celulares dos autores conseguiram levar a polícia a concluir os abusos em forma de tortura sofridos por Djidja, por parte da mãe dela, bem como o envolvimento dos demais suspeitos no crime. 

"Diversas conversas mantidas nos aparelhos telefônicos a partir dos aplicativos residentes nesses equipamentos eletrônicos atestam a participação de todos eles nesse esquema criminoso", aponta. 

A polícia indica que Claudiele, uma das funcionárias do salão, auxiliava, inclusive, na administração deste tipo de material nos demais trabalhadores do local, e Marlison contribuiu ativamente para fomentar a prática. 

"O Marlison, inclusive, no momento da primeira fase da operação [Mandrágora], fugiu. Foram encontradas diversas seringas de material de cetamina em sua casa", afirma o delegado.

Segundo a autoridade, os suspeitos eram conscientes e tinham discernimento das práticas criminosas, além de arquitetar a criação de uma clínica veterinária para que pudessem adquirir com maior facilidade os fármacos.

"Eles também almejavam a criação de uma comunidade, a parte da compra de um terreno na região norte aqui de Manaus, para a fim de criar uma espécie de vila onde as pessoas iriam ali residir naquele ambiente e fazer uso indiscriminado da cetamina, além de promover os cultos de forma criminosa."

Morte da ex-sinhazinha

Djidja morreu na madrugada do dia 28 de maio, mas seu corpo foi encontrado na manhã seguinte por Bruno Lima, preso no último dia 7, em Manaus. Um vídeo feito no dia 27 de maio, às 23h40, mostra o ex pedindo para Djidja entregar um frasco de cetamina.

Antes da morte da ex-sinhazinha, a polícia já havia identificado que o grupo coletava a droga quetamina em clínicas veterinárias e realizava a distribuição do fármaco entre os funcionários da rede de salões de beleza da família Cardoso.

Inclusive, o irmão da vítima seria responsável pelo aborto de uma de suas ex-companheiras, que era obrigada a usar a droga e sofreu abuso sexual quando estava sob o efeito da substância. 

"A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita", disse Túlio. Em coletiva, ele acrescentou que outras duas já relataram situação de estupro, tendo sido dopadas durante o ato sexual. 

O Terra não localizou a defesa dos suspeitos até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.

Fonte: Redação Terra
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