Caso Friboi: filho afirma ter certeza de que mãe mandou matar seu pai
Segundo ele, em nenhum momento a ré tentou se defender do crime. "Não chamo de mãe uma pessoa com uma atitude dessa"
Em um depoimento contundente, Carlos Eduardo Campos Magalhães, 22 anos, acusou a sua mãe, Giselma Carmem Campos Magalhães, de ser a mandante da morte de seu pai, Humberto de Campos Magalhães, 43 anos, ex-diretor executivo da empresa Friboi, em outubro de 2008. O filho não poupou a mãe em nenhum momento de seu depoimento à Justiça. Giselma e o irmão dela, Kairon Vaufer Alves, estão sendo julgados como mandantes do crime. Os executores já foram condenados em outra ocasião e cumprem pena no sistema penitenciário paulista.
O filho disse, inclusive, que a mãe tentou incriminá-lo pela morte. "Ela não se importou com o que eu iria sofrer. Não chamo de mãe uma pessoa que tem uma atitude dessas", disse ele. Durante todo o depoimento, ele se referiu à mãe apenas como Giselma.
"Eu não tenho ódio por ela. Meu pai foi a melhor coisa da minha vida. Tudo na minha vida eu devo ao meu pai. Ela não tinha o direito de fazer isso com ele. A única coisa que eu gostaria é que ela se desculpasse de alguma forma."
Carlos Eduardo descreveu a mãe como possessiva e disse que, desde quando ele era criança, o relacionamento do casal nunca foi bom. "Ela vivia ligando para a empresa, para a portaria, para saber a que horas ele tinha entrado, a que horas havia saído. Muitas vezes, quando eu era pequeno, ela pedia para que eu ligasse também perguntando dele. E isso sempre foi motivo de discussão entre eles."
O rapaz conta que o pai tentou a separação de forma não litigiosa, mas que acabou morto antes de consegui-la. "Ele dizia que era um processo desgastante. Mas mesmo não morando mais lá (em casa), ele prosseguiu pagando as contas da casa. Ele não queria atrito com a Giselma."
Carlos Eduardo conta que enquanto Giselma esteve presa - por um ano e meio -, chegou a visitá-la, por conta de precisar de algumas assinaturas para poder dar andamento ao inventário dos bens do pai. "Meu irmão não demonstrava nenhum interesse nisso. Quando eu ia lá, deixava bem claro que não queria afeto, que ela não deveria me abraçar, nem encostar em mim. Não queria nenhuma relação de carinho, porque ele não existia. Eu já sabia que ela era a mandante do crime."
Ele prossegue: "Meu pai era meu único amigo. Foi pai e mãe na minha vida. Era tudo o que eu tinha. Foi um processo muito difícil. Meu papel é defender meu pai. Ele tinha uma família que amava muito ele. Eu quero ser o melhor filho possível hoje", afirmou.
Como foi o assassinato
Na noite do crime, Magalhães havia saído com seu Mercedes-Benz até a rua Alfenas, próximo à sua casa, após receber um telefonema - do telefone celular de seu filho - dizendo que ele teria passado mal e estaria ali. Um morador do local, em depoimento à polícia, disse que o executivo tocou a campainha de sua casa várias vezes. Quando atendeu, Magalhães contou a ele que tinha recebido uma ligação dizendo que seu filho estaria ali e havia uma criança chorando naquela casa - o que, segundo a polícia, seria uma espécie de senha combinada previamente com alguém.
O morador, que nada tinha a ver com o combinado, disse que não havia nenhuma criança chorando no local. Depois, observou o executivo caminhar até o carro, onde um motoqueiro o esperava. Após uma breve conversa com Magalhães, o motoqueiro atirou nele e fugiu. Na época, a polícia disse que a senha poderia ter sido uma armadilha dos bandidos para checar se a vítima estava com proteção policial.
O 5º Tribunal do Júri de São Paulo condenou Paulo dos Santos e Osmar Gonzaga Lima à pena de 20 anos de prisão em regime fechado.