Caso Malhães: suspeitos são presos com armamento roubado
Policiais da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) recuperaram, neste fim de semana, uma grande quantidade de armas e munições que foram roubadas da casa do sítio do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, morto em casa no dia 24 de abril, em Nova Iguaçu, na baixada Fluminense.
Segundo a assessoria da Polícia Civil, duas pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma. Os investigadores chegaram ao local após a realização de diversas diligências em vários pontos da cidade, até que o armamento fosse encontrado em Santa Cruz. Segundo a polícia, “a identidade dos suspeitos será mantida sob sigilo para não atrapalhar as investigações”.
O coronel Paulo Malhães, 77 anos, apareceu morto em seu sítio um mês após admitir na Comissão Nacional da Verdade que participou de torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar.
Entre as vítimas do grupo de Malhães estaria o ex-deputado Rubens Paiva, preso em 20 de janeiro de 1971 e um dos 183 desaparecidos políticos com o paradeiro investigado pela comissão.
A Comissão Nacional da Verdade foi criada pelo governo federal para examinar e esclarecer violações de direitos humanos praticadas durante o regime militar, que vigorou no país entre 1964 e 1985.
Em depoimento à comissão, Malhães disse que o corpo de Rubens Paiva foi jogado em um rio de Itaipava, na Região Serrana do Rio, por agentes da ditadura. Uma semana depois, em outro depoimento, o coronel negou o fato.
Caseiro suspeito
Durante as investigações da morte de Malhães, a polícia prendeu o caseiro Rogério Pires, que teria confessado o crime e denunciado seus dois irmãos como sendo os homens que invadiram o sítio do coronel.
Mais tarde, a família do caseiro afirmou que o depoimento foi forjado. Uma das irmãs de Pires - que pediu anonimato, disse que ele estava sendo coagido para assumir a culpa. "Ele me ligou e disse: Eu não fiz nada, mas não adianta falar que eu não fiz, porque eles querem que eu diga o que eles querem'", contou a irmã. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.
A família alega que os irmãos acusados - um detido e dois foragidos - não têm antecedentes criminais. "O Rogério tinha trabalho fixo e o Rodrigo (Pires) e o Anderson (Pires) eram pedreiros", disse a mãe, Maria de Fátima. "Há muito P2 (policiais da área de inteligência) andando por aqui de moto e carro. Nos sentimos vigiadas o tempo todo", relata a mãe, que se diz assustada.
Segundo uma irmã do caseiro, a família foi aconselhada por um policial a "abandonar tudo e ir embora da localidade". O delegado assistente na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Willian Júnior alegou que a intenção do policial que falou em milícia era prevenir a família. "Nenhum bandido quer ver a polícia no seu quintal. Se lá for área de milícia ou do tráfico, as coisas podem se tornar difíceis".