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Polícia

Cinegrafista não teve chance de defesa, diz inquérito

14 fev 2014 - 22h21
(atualizado às 22h23)
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O inquérito que a Polícia Civil do Rio de Janeiro entregou nesta sexta-feira ao Ministério Público sobre a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade diz que a vítima não teve chance de defesa. O documento, de 175 páginas, indicia Caio Silva de Souza e Fábio Raposo por homicídio com dolo eventual. As informações são do Jornal Nacional.

No relatório final do inquérito, o delegado Maurício Luciano afirma que "não há dúvida que Fábio Raposo e Caio Silva de Souza agiram em comunhão de esforços e objetivo comum, assumindo o risco de produzir o resultado do crime de homicídio”. Ele ressalta ainda que um dos agravantes foi o modo como a vítima foi alvejada: de costas para o artefato, impossibilitando completamente a sua defesa.

Caio e Fábio cumprem prisão temporária de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, em cadeias públicas no Complexo de Bangu. A promotoria tem cinco dias úteis para apresentar a denúncia à Justiça ou pedir novas investigações à polícia.

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral
O cinegrafista Santiago Andrade foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, tem duas passagens pela polícia e era considerado foragido desde que foi expedido um mandado de prisão temporária em seu nome. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem levada pelo delegado.

Procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão, o suspeito foi preso na madrugada de 12 de fevereiro em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que também defende Fábio Raposo, Caio Silva de Souza seguia em direção ao Ceará, para a casa de um avô, mas foi convencido a se entregar. Ele não reagiu ao ser preso.

Fonte: Terra
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