Comerciante morto a facadas descobriu traição de esposa com cunhado pela central multimídia do carro
Em depoimento, Mario Vitorino contou que recebeu uma ligação da esposa de Igor Peretto na madrugada do dia do crime e que a vítima viu
O comerciante Igor Peretto, morto a facadas em 31 de agosto, descobriu a traição da esposa e do cunhado por meio da central multimídia do carro em que estava quando se direcionou ao apartamento onde ocorreu o crime. De acordo com o Ministério Público, os acusados teriam premeditado o crime porque a vítima era vista como um 'empecilho no triângulo amoroso'.
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O assassinato de Peretto, conforme a denúncia do MP, foi planejado por Mario Vitorino da Silva Neto, cunhado da vítima, sua irmã, Marcelly Marlene Delfino, e a esposa de Peretto, Rafaela Costa da Silva. O Terra teve acesso ao depoimento de Mario, colhido na Delegacia de Praia Grande, no dia 25 de setembro, dez dias após ser preso.
Mario conta que se encontrou com Rafaela no dia 29 de agosto, data em que teriam passado a tarde juntos e teriam combinado de dormir juntos após a festa que ocorreria no dia 30, no Morro do José Menino, em Santos. No local, ele estava com Peretto.
Por volta de 1h, Marcelly e Rafaela também chegaram, mas ele evitou contato com as duas para não ter problemas com a vítima. As duas foram embora em dado momento da festa. Após beberem e usarem drogas, o suspeito alega que o cunhado pediu para que o levasse em casa.
No caminho, passando em frente ao Shopping de Praia Grande, recebeu em seu celular uma ligação de Rafaela. Peretto percebeu que a ligação, pois o celular estava conectado na central multimídia do carro e apareceu na tela "Rafaela Cunhada". O comerciante ficou “muito exaltado e nervoso” e passou a exigir satisfações do motivo da ligação naquela hora.
Mario afirmou à polícia que tentou acalmá-lo, mas o cunhado estava “possessivo” e exigiu satisfações. Segundo o relato, a vítima iria "lhe matar se descobrisse a traição". Ainda no caminho, ele negou ter algo com Rafaela, mas Peretto ainda estava furioso porque tentou ligar para Rafaela e ela não atendeu.
O suspeito afirmou que mandou uma mensagem à Rafaela dizendo “deu merda”, e apagou após percebeu que o empresário viu. Então, eles tiveram uma briga mais acalorada, e a vítima teria obrigado Mario a levá-lo até o apartamento de Marcelly, onde ocorreu o crime.
Segundo o depoimento, Igor dizia que iria "arrastar" Mario e matar Raffaela.
Denúncia do MP
A denúncia aponta que Mario, sócio de Igor Peretto, mantinha um relacionamento extraconjugal com Rafaela. A situação se agravou quando Marcelly, irmã de Peretto e esposa de Mario, também se envolveu com Rafaela. O triângulo amoroso secreto fez de Peretto um "empecilho" para os planos dos amantes, segundo o MP.
"Havia, portanto, relacionamento de natureza íntima e/ou sexual entre Rafaela, Mario e Marcelly, sem ciência e participação da vítima Igor. Assim, nesse verdadeiro triângulo amoroso, Igor tornou-se um empecilho. Por isso, Rafaela, Marcelly e Mario, em conluio, decidiram matar Igor", disse o MP no documento.
O MP também apontou que "houve prévio ajuste, incentivo e apoio moral" de Rafaela e Marcelly para que Mario matasse Peretto. Segundo a denúncia, os acusados viam Peretto como um obstáculo a seus relacionamentos.
Além disso, a maneira violenta e cruel como o crime foi executado aponta premeditação e frieza dos envolvidos, de acordo com o Ministério Público, que concluiu que a morte de Igor Peretto ainda representaria uma vantagem financeira para os três.
Após o crime, o MP aponta na denúncia que Mario e Marcelly fugiram juntos, levando alguns itens do apartamento de Igor Peretto. Eles se encontraram com Rafaela, que os esperava em um carro, e seguiram em fuga para o interior do Estado, apagando as provas de seus celulares durante o trajeto.
Defesas negam
O advogado de Mario Vitorino da Silva Neto, Mário Badures, afirmou que a denúncia contra seu cliente por homicídio qualificado e a decretação de prisão preventiva pelo juízo do júri de Praia Grande basearam-se em uma "investigação confusa" que exagerou o aspecto econômico do caso, desconsiderando "inúmeras provas que indicam o crime de ímpeto." Ele alega que a morte ocorreu de "uma inegável luta entre Mario Vitorino e Igor Peretto," e que há "farta prova testemunhal e até mesmo pericial".
Badures também questionou a alegação de que haveria vantagem econômica para seu cliente, declarando que "Mario não era dependente econômico de Igor e em nada lucraria com a sua morte." Além disso, ele rebateu o suposto triângulo amoroso apontado pela acusação, afirmando que "inexiste qualquer evidência da existência de uma relação amorosa conjunta entre os acusados, sendo nítido que o Ministério Público se apoia em ilações e acaba por confundir moral com direito."
Para a defesa, a motivação do crime seria "passional, evidentemente." Badures argumentou que a prisão preventiva foi fundamentada de maneira inadequada e informou que essa decisão será "alvo de nova análise no Tribunal de Justiça e, eventualmente, perante as Cortes Superiores."
O advogado Leandro Weissmann, que representa Marcelly, afirmou que nunca existiu qualquer plano por parte dela para matar o irmão. "Inclusive, que triângulo amoroso é esse, se ela estava separada de fato de Mario?", disse.
Ele acrescentou que tanto o relatório policial quanto a denúncia do MP "não trazem qualquer indício de onde Marcelly se beneficiaria da morte de seu irmão." Para Weissmann, as acusações são "mera ilação fantasiosa e desprovida de qualquer prova". Ele acredita que, ao final, "restará comprovada a inocência de Marcelly, justamente porque não teve qualquer conduta criminosa, seja por ação ou omissão, que gerou a morte de seu irmão Igor".
O Terra também entrou em contato com a defesa de Rafaela e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestações.