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Polícia

Como a Polícia Civil prendeu o maior serial killer da história de Alagoas

Até o momento, a investigação já contabilizou 10 mortes de jovens, com idades entre 13 e 25 anos

19 nov 2024 - 19h00
(atualizado às 20h56)
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Vídeos mostram prisão de serial killer de Alagoas, acusado de matar 10 pessoas:

"Missionário". Esta foi a palavra usada pelo serial killer Albino Santos de Lima, de 42 anos, para justificar o assassinato de 10 jovens entre 2023 e 2024. O criminoso foi descrito pela Polícia Civil de Alagoas como um indivíduo frio e meticuloso e é considerado o maior assassino em série do Estado. Saiba como foi o processo de investigação para prender o serial killer. 

O criminoso foi preso no dia 17 de setembro em sua residência, no bairro Vergel, em Maceió. Ele residia a apenas 800 metros dos locais onde cometia os crimes. Com ele, foram apreendidos uma pistola calibre .380, roupas e acessórios usados durante os crimes e um celular. 

De acordo com o delegado Gilson Rêgo Sousa, da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Maceió, o modus operandis do suspeito ajudou os investigadores a ligar ele aos homicídios: "Agia sempre à noite, matava suas vítimas de emboscada e utilizava sempre uma pistola calibre .380. Vestido de preto, usando máscara facial e boné escuros, o autor parecia encarnar uma figura sombria e calculista".

Serial killer Albino Santos de Lima, de 42 anos, foi preso em 17 de setembro
Serial killer Albino Santos de Lima, de 42 anos, foi preso em 17 de setembro
Foto: Polícia Civil de Alagoas

A morte da adolescente Anna Beatriz Santos Tavares, de 13 anos, em agosto deste ano, foi o estopim para que a polícia conseguisse rastrear o assassino. A jovem foi perseguida e atingida por disparos de arma de fogo após sair de uma arena de esportes. Ela foi socorrida e levada ao Hospital Geral do Estado, mas não resistiu aos ferimentos. 

Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela corporação ajudaram a identificar Albino Santos de Lima. A apreensão dos itens que estavam com ele e, em especial, seu telefone, foi essencial para que a investigação o conectasse aos outros nove homicídios cometidos com o mesmo padrão.

O Instituto de Criminalística de Maceió ficou responsável por analisar a arma e o celular do criminoso. Foi no armazenamento de dados na nuvem que a perícia encontrou vestígios de todos os homicídios cometidos pelo serial killer, como pastas com fotos das vítimas, um calendário com a data das mortes e prints de matérias relacionadas aos casos.

Arma, roupas e acessórios encontrados na residência do serial killer
Arma, roupas e acessórios encontrados na residência do serial killer
Foto: Polícia Civil de Alagoas

“Os registros foram encontrados em duas pastas: 'Odiada Instagram' e 'Mortes especiais'. Fotos e nomes de vítimas de homicídio eram colocados junto de um calendário com a data do fato marcada. Ele também tirava prints de matérias de sites relacionadas aos crimes e chegou a tirar fotos dentro do cemitério e da lápide, provavelmente de uma das vítimas. Havia também registros de homicídios ocorridos entre 2019 e 2020, que devem ser alvos de análise pela Polícia Civil”, explicou José de Farias, perito criminal responsável pelo exame.

O cruzamento destas informações fez com que as equipes da polícia conseguissem confirmar os 10 crimes cometidos por Albino, a morte de 3 homens e de 7 mulheres. Já a arma encontrada com Albino pertencia a seu pai, um militar da reserva, e será armazenada no Banco Nacional de Perfis Balísticos do Ministério da Justiça (BNPB).

As vítimas

Os jovens, com idades entre 13 e 25 anos, apresentavam um perfil físico parecido. Além disso, a maior parte das vítimas tinha cabelo cacheado e pele parda. Em depoimento, o serial killer confessou que rastreou as vítimas por meio das redes sociais. Ele não demonstrou nenhum tipo de arrependimento pelos crimes.

Ele afirmou que acompanhava o dia a dia dos jovens, para entender a rotina e onde poderia encontrá-los. O suspeito chegou a afirmar que cometeu os crimes porque as vítimas estariam, supostamente, envolvidas com organizações criminosas. A investigação descartou esta possibilidade. Segundo o serial killer, ele se considerava um "missionário" porque tinha o "dever de eliminar criminosos". 

Albino Santos de Lima confessou 8 dos 10 homicídios que a investigação apurou. Ele negou ter matado um casal de evangélicos, John Lenno e Débora. Contudo, a polícia alega que “não há dúvidas” da autoria dele no caso, levando em conta as provas técnicas já obtidas.

Perícia encontrou provas dos crimes no celular do serial killer
Perícia encontrou provas dos crimes no celular do serial killer
Foto: Polícia Civil de Alagoas

Outra característica comum entre os jovens é que eles residiam em bairros periféricos de Maceió. Os crimes também eram sempre cometidos entre sexta e segunda-feira. 

Até o momento, o homem foi indiciado por três homicídios qualificados. Outros seis inquéritos relacionados aos crimes deverão ser concluídos até o fim deste ano. A DHPP também informou que está reabrindo casos de homicídios ocorridos em 2019, tendo em vista evidências encontradas no celular do suspeito. Com isso, o número de vítimas do serial killer pode aumentar.

O Terra entrou em contato com a defesa de Albino Santos de Lima, mas ainda não teve retorno.

Cronologia dos crimes

Imagens cedidas pela Polícia Civil de Alagoas ao Terra
Imagens cedidas pela Polícia Civil de Alagoas ao Terra
Foto: Adrielle Farias/Terra

29 de outubro de 2023: Mikaele Leite da Silva, de 21 anos, foi morta a tiros dentro de casa na Rua José Cavalcante, em Vergel do Lago;

12 de dezembro de 2023: Louyse Melo, de 18 anos, estava a caminho de casa com outra pessoa quando foi morta a tiros na Rua do Meio, em Vergel do Lago;

15 de dezembro de 2023: Beatriz Henrique da Silva, de 25 anos, foi baleada dentro de casa, em Vergel do Lago, enquanto dormia ao lado do filho de 3 anos;

18 de dezembro de 2023: John Lenno Santos Ferreira, de 20 anos, e Debora Vitoria Silva dos Santos, de 21 anos, foram mortos na Rua Dr. Virgílio Guedes, em Vergel do Lago;

8 de janeiro de 2024: Joseildo Siqueira Silva Filho, de 24 anos, foi assassinado na Rua Vereador José Caldas, no bairro da Ponta Grossa;

8 de junho de 2024: Tamara Vanessa da Silva Santos, de 21 anos, foi baleada com mais duas pessoas. Eles foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado, mas Tamara não resistiu e faleceu. O crime ocorreu no bairro do Vergel do Lago;

21 de junho de 2024: Emerson Wagner da Silva, de 17 anos, foi morto no bairro da Ponta Grossa, após o criminoso ter tentado invadir a casa de sua namorada;

3 de agosto de 2024: Ana Clara Santos Lima, de 13 anos, tentou fugir ao perceber que estava sendo seguida, mas foi baleada na Rua Humberto Santa Cruz, em Vergel do Lago;

26 de agosto de 2024: Anna Beatriz Santos Tavares, de 13 anos, havia acabado de deixar uma arena de esportes no bairro Ponta Grossa. Ela foi perseguida pelo serial killer e morta com um tiro na cabeça.

Fonte: Redação Terra
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