Presidido pela ministra Maria do Rosário, o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) encerrou a reunião desta quinta-feira sobre a violência no Maranhão com um pedido de um “plano emergencial” para conter a crise, mas evitou apoiar a intervenção federal no texto final da declaração pública aprovada. Durante a reunião, conselheiros registraram a resistência do governo do Maranhão em tomar medidas no sistema carcerário e se declararam abertamente favoráveis à intervenção.
Maria do Rosário disse, ao final do encontro, que não cabia ao conselho falar de algo que era de atribuição exclusiva do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que integra o conselho. Nesta quinta-feira, o chefe do Ministério Público foi representado no conselho pelo procurador Aurélio Rios. “Nós aqui não temos qualquer deliberação do tema relacionado ao Ministério Público”, resumiu a ministra. A intervenção federal é uma medida excepcional que afastaria a autonomia do Estado no sistema prisional.
Na reunião, a ministra ouviu de representantes do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que houve claro descumprimento de recomendações pela governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), nas inspeções realizadas em presídios. “O CNJ, nos últimos quatro anos, fez inspeções no Maranhão em cada uma das oportunidades e essas recomendações não foram cumpridas”, disse. “A recusa do governo em discutir o tema está documentada. (...) Não vai ser uma simples reunião que vai fazer esses problemas serem resolvidos”, acrescentou.
Entre as medidas sugeridas pelo Conselho, está a cobrança para a responsabilização de agentes do estado que tenham participado de ações criminosas, solicitar um mutirão para analisar casos de presos provisórios, entre outras recomendações. O CDDPH é vinculado ao governo federal e conta com a presença de integrantes do Poder Legislativo e de órgãos representantes de classes.
A violência no Maranhão foi agravada na noite da última sexta-feira (3), quando quatro coletivos foram incendiados, uma delegacia foi alvo de um atentado, cinco pessoas foram vítimas de tentativa de homicídio e o sargento reformado da PM Antônio César Serejo morto em uma onda de ataques em São Luís. Uma menina que teve o corpo queimado em um atentado a um coletivo morreu na segunda-feira.
Segundo autoridades estaduais, as ordens para os ataques partiram do Presídio de Pedrinhas, onde desde outubro do ano passado atuam agentes da Força Nacional de Segurança. Somente neste ano, dois detentos foram mortos na cadeia.
3 de janeiro - Cinco pessoas foram vítimas de tentativa de homicídio e o sargento reformado da PM Antônio César Serejo, morto, durante onde de ataques ordenadas por detentos do Presídio de Pedrinhas, em São Luís
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
3 de janeiro - Na mesma noite, quatro coletivos foram incendiados. Uma menina de 6 anos acabou morrendo em decorrência das queimaduras. Sua mãe e sua irmã, de 1 ano, também ficaram feridas, além de um homem. O bisavô da vítima fatal morreu de infarto ao saber do atentado
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
9 de janeiro - A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, participa de reunião extraordinária do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, para debater a situação no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, e as violações dos direitos humanos cometidas contra presos
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
9 de janeiro - Pedrinhas foi um dos alvos de investigação da CPI do Sistema Carcerário, em 2008, quando foi listado entre os 10 piores presídios do País
Foto: Clayton Montelles / Governo do Maranhão / Agência Brasil
9 de janeiro - Após reunião com a cúpula da Segurança do Maranhão e com a governadora Roseana Sarney, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou medidas conjuntas para o enfrentamento ao crime e a melhoria do sistema penitenciário do Estado
Foto: Geraldo Furtado / Governo do Maranhão / Divulgação
10 de janeiro - Muitas faixas contra a governadora Roseana Sarney (PMDB) foram pintadas pelos manifestantes
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
10 de janeiro - No começo, apenas um pequeno grupo pintava os cartazes e fazia barulho em cima de um carro de som
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
10 de janeiro - Desde as 16h, um pequeno grupo começou a organizar a manifestação em frente à biblioteca pública Benedito Leite
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
10 de janeiro - Uma forte barreira policial conteve a manifestação e como é de praxe durante manifestações, todas as entradas da praça foram cercadas com gradeado e os manifestantes não conseguiram se aproximar da frente do palácio
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
10 de janeiro - O movimento saiu da praça Deodoro, no centro da cidade, até a praça Dom Pedro II, onde fica o Palácio dos Leões, sede do poder Executivo estadual
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
10 de janeiro - Cerca de 500 pessoas foram às ruas da capital maranhense nesta sexta-feira para cobrar do poder público melhoria no sistema de segurança e na prestação de serviços
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
5 de janeiro - Dez pessoas foram presas até a tarde do domingo suspeitas de envolvimento com os ataques a coletivos e delegacias na cidade de São Luís
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
4 de janeiro - Viatura baleada em delegacia que foi alvo de atentado
Foto: Clodoaldo Corrêa / Especial para Terra
15 de janeiro - Governadora Roseana Sarney recebe apoio logístico da secretária responsável pela administração penitenciária do Paraná
Foto: Janaína Garcia / Terra
16 de janeiro - Segundo funcionários do presídio, a rebelião estaria ocorrendo Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), uma das oito unidades prisionais do complexo
Foto: Janaina Garcia / Terra
16 de janeiro - Do lado de fora de Pedrinhas, as mulheres de dois detentos afirmaram ao Terra que ouviram, por volta das 13h30, barulhos de tiros e bombas
Foto: Janaina Garcia / Terra
16 de janeiro - Agentes da Força Nacional e homens da Tropa de Choque da PM do Maranhão entraram pouco antes das 14h desta quinta-feira em uma das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas para conter um princípio de rebelião
Foto: Janaina Garcia / Terra
16 de janeiro - Para o pai de Ana Clara, a filha não será a última vítima da violência no Estado
Foto: Janaina Garcia / Terra
16 de janeiro - Grupo protestou contra a escalada da violência em todo o Maranhão
Foto: Janaina Garcia / Terra
16 de janeiro - O filho de Josaíldes foi baleado e morto em uma escola da Grande São Luís
Foto: Janaina Garcia / Terra
17 de janeiro - A secretária de Administração Penitenciária do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, fala na sede do governo do Maranhão, em São Luís, sobre um software que o governo paranaense cedeu ao Estado para gerenciar a situação dos presos maranhenses
Foto: Janaina Garcia / Terra
17 de janeiro - Sebastião Uchôa conversou com o Terra nesta sexta-feira
Foto: Janaina Garcia / Terra
17 de janeiro - "Não é resto de comida, não: é comida que os presos não querem", faz questão de observar dona Geni
Foto: Janaina Garcia / Terra
20 de janeiro - Comboio de viaturas para transferência de presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Foto: Handson Chagas / Sejap / Divulgação
20 de janeiro - Identidade, quantidade e destino de presos transferidos não foram confirmados pelo governo do Maranhão por "questão de segurança"
Foto: Handson Chagas / Sejap / Divulgação
20 de janeiro - Nesta segunda, o Maranhão iniciou a transferência de presos de Pedrinhas para presídios federais de segurança máxima