Coronel da ditadura que admitiu torturas é encontrado morto
Um mês após prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade e confessar participação nas sessões de torturas durante a ditadura militar, o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, 76 anos, foi encontrado morto dentro da sua residência, no bairro Ipiranga, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, nesta sexta-feira. A Divisão de Homicídios da Baixada informou que a casa do coronel foi invadida na tarde da quinta-feira, de acordo com os relatos da mulher do militar, que também foi feita de refém pelos assassinos.
A viúva disse para a polícia que três homens entraram na casa e um deles estava com o rosto coberto. O casal ficou preso em cômodos diferentes e os assassinos fugiram levando as armas do militar colecionava. A mulher afirma que não sofreu nenhuma violência física e também não reconheceu nenhum dos dois bandidos que estavam com os rostos descobertos. Segundo a polícia, os peritos que estiveram no local não encontraram marcas de tiros, mas nenhuma hipótese será descartada na investigação. As informações preliminares indicam que ele teria sido morto por asfixia, mas o delegado responsável pelo caso aguarda o laudo de necropsia para confirmar as causas da morte.
De acordo com a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), além da mulher da vítima, o caseiro do sítio também prestou depoimento. Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação da autoria do crime. Além de armas, foram roubados computadores. O caseiro deverá auxiliar na elaboração de retrato falado dos criminosos.
Malhães foi um dos militares que prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade, no mês passado. Ele admitiu ter participado das sessões de tortura e sequestros de militantes da esquerda nos anos de chumbo no Brasil. O ex-deputado Rubens Paiva foi uma das suas vítimas nessa época. O corpo de Paulo Malhães foi levado para o Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu.
Comissão da Verdade
O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou ser possível que o assassinato do coronel Paulo Malhães tenha sido queima de arquivo. "Ele foi um agente importante da repressão politica na época da ditadura e era detentor de muitas informações sobre fatos que ocorreram nos bastidores naquela época". Ele enfatizou que é preciso abrir com urgência uma investigação na área federal para apurar o fato. "A investigação da morte do coronel Paulo Malhães precisa ser feita com muito rigor".
Com informações do JB