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Polícia

Corpo de índio morto em fazenda passa por nova autópsia em MS

1 jun 2013 - 14h45
(atualizado às 14h45)
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Quarenta e oito horas após ter sido morto durante a ação de reintegração de posse de uma fazenda de Sidrolândia (MS), o corpo do índio terena Osiel Gabriel, 35 anos, será submetido a uma nova autópsia. Os novos exames serão feitos a pedido do Ministério Público Federal (MPF), no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande (MS), por médicos legistas enviados de Brasília pela Polícia Federal (PF).

O pedido para o reexame foi do procurador da República Emerson Kalif Siqueira. Ele considerou que a autópsia feita na quinta-feira, logo após o confronto entre índios e policiais, não foi realizada nas condições adequadas. Depois que a morte de Gabriel foi atestada pelo médico que o atendeu no Hospital Beneficente Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia, seu corpo foi levado diretamente para o local onde seria velado, e não para o IML, que estava fechado devido ao feriado.

O médico legista Walney Pereira foi então ao local do velório, onde fez a autópsia, atestando que o índio morreu em função de um ferimento à bala no abdômen. Antes mesmo de receber o resultado do exame, o procurador da República considerou necessário uma análise mais detalhada do caso, para que não restem dúvidas sobre, por exemplo, o calibre do projétil que atingiu Gabriel. O corpo do índio seria enterrado na sexta-feira, mas seus parentes concordaram com a realização da nova autópsia.

Segundo a PF, 14 adultos e três jovens, todos índios, foram detidos durante a ação policial de quinta-feira. Os adultos foram ouvidos e liberados após serem indiciados pelo crime de desobediência, cuja pena varia de dois meses a dois anos. A PF diz também ter apreendido três armas de fogo, facões, facas e arcos e flechas em posse dos índios.

A reintegração de posse foi autorizada no início da noite da última quarta-feira pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva. Segundo a PF, os índios resistiram à ação policial. Os indígenas, no entanto, dizem ter sido surpreendidos ainda de madrugada pela chegada dos policiais. A própria Superintendência da PF no Estado confirmou à Agência Brasil que não conseguiu avisar ao Ministério Público Federal e à Fundação Nacional do Índio (Funai) que iria cumprir a decisão judicial e retirar os índios da área.

A fazenda, que pertence ao ex-deputado estadual Ricardo Bacha (PSDB-MS), fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional, em 2010. Dos 17 mil hectares reconhecidos, os índios ocupam hoje apenas 3 mil hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial).

Uma primeira tentativa de desocupar a área foi abortada pela PF no último dia 20, quando os índios também resistiram à ação policial determinada pela Justiça que, diante do conflito, suspendeu a ordem de reintegração até que proprietários e índios realizassem reunião de conciliação. A reunião aconteceu na quinta-feira e, como não houve acordo, o juiz Ronaldo José da Silva autorizou que a propriedade fosse desocupada.

Agência Brasil Agência Brasil
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