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Polícia

Criança de 5 anos tem braço amputado por granada no Rio

7 jul 2016 - 07h38
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Um menino, de 5 anos, teve o braço amputado nessa quarta-feira (6) após uma granada explodir em sua mão. A criança brincava na porta de casa, no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, zona norte da cidade, quando viu na rua um objeto de metal e levou para dentro da residência. Ele pensou que a granada era um brinquedo e, ao manuseá-la, o artefato explodiu e o menino teve o braço direito amputado.

O avô do da criança, João Batista Machado, disse que estava na cozinha e a mulher dele na sala, quando escutaram em estrondo. "O menino estava brincando e não percebemos. Foi um barulho grande, quando ouvimos o estouro", disse.

A Polícia Militar informou, em nota, que, de acordo com o 3° Batalhão da Polícia Militar (Méier), uma criança ferida por uma granada deu entrada, na manhã dessa quarta-feira, no Hospital Municipal Salgado Filho. O menino teria achado o artefato na comunidade do Chapadão, onde mora, e levou para a casa da família.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que a criança teve o braço direito amputado e seu quadro clínico é estável. Ela está internada, sem previsão de alta.

Esvaziamento das UPPs

O sociólogo José Augusto Rodrigues, professor do Laboratório da Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio (Uerj) disse que o fato de uma criança de 5 anos pegar uma granada para brincar em uma comunidade é o desdobramento do problema principal, que é o esvaziamento gradual das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), agravada com a grave crise financeira porque passa o Rio de Janeiro.

Rodrigues citou como exemplo do crescimento da violência uma troca de tiros, há cerca de 6 meses, na comunidade Dona Marta, em Botafogo, considerada o ponto alto do programa de pacificação, e a comunidade da Rocinha, onde o pacto de convivência já não existe mais. "À medida que o armamento está presente tudo pode acontecer. Se a campanha de desarmamento das comunidades estivesse eficiente, o garoto não encontraria uma granada na rua, o que demonstra a desestruturação do programa de pacificação, com os grupos armados querendo recuperar território".

Chapadão

Após a ocupação em 2010 pelas forças de segurança do Estado dos complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro, na Penha, subúrbio do Rio, o Complexo do Chapadão passou a ser o principal esconderijo de lideranças do Comando Vermelho.

Cercado por 16 favelas, com mais de 30 mil habitantes, ligando os bairros de Costa Barros, Barros Filho e Guadalupe com acessos fáceis para a Avenida Brasil, Rodovia Presidente Dutra e Via Light, com acesso à Baixada Fluminense, o Chapadão é um local para onde são levadas as cargas roubadas de caminhões de entrega de eletrodomésticos, de cervejas e refrigerantes, cigarros e motocicletas.

Em ações feitas pelo batalhão da PM de Irajá, responsável pelo policiamento na área, do início do ano até agora, foram recuperados mais de 700 carros e motos roubados e levados para a comunidade.

O Complexo do Chapadão está dividido entre as seguintes comunidades Morro do Chapadão, Morro do Final Feliz, Morro do Gogó da Ema, Parque Esperança, Morro das Torres, Morro do Bom Tempo, Planalto, Morro do Himalaia, Morro da Cova da Onça, Favela da Linha, Morro do Sem-Terra, Favela do Job, Morro do Cavalheiro, Morro do Tiradentes, Morro da Xica e Morro da Santa Edwiges.

*Colaborou Nanna Pôssa, repórter do Radiojornalismo

Agência Brasil Agência Brasil
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