Delator do PCC suspeitou que estava sendo seguido em viagem, diz namorada
Informação foi revelada às autoridades pela namorada de Antônio Vinicius Gritzbach
Antônio Vinicius Gritzbach, delator do PCC executado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, desconfiou que estava sendo seguido por um homem durante viagem a São Miguel dos Milagres, em Alagoas. A informação foi revelada em depoimento de Maria Helena Paiva Antunes, namorada do empresário, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.
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Foi justamente na volta desta viagem ao litoral alagoano que Gritzbach foi morto a tiros na saída do aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira, 8. Segundo a mulher, a desconfiança do empresário surgiu após ele ter visto um rapaz parecido com um sujeito que já o havia ameaçado anteriormente.
Uma característica, no entanto, fez com que ele deixasse o assunto de lado. Diferentemente de quem o ameaçou em outra ocasião, que fumava com frequência, o suspeito visto em São Miguel dos Milagres não tinha este hábito.
Ainda em Alagoas, Maria Helena também ouviu Gritzbach conversando por telefone sobre uma dívida. Posteriormente, dois seguranças foram até Maceió para buscar joias que seriam um pagamento ao débito. As peças foram apreendidas pela polícia após a morte do delator e avaliadas em R$ 1 milhão.
Prejuízo causado pela morte do delator
O Promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, conversou com o programa Estúdio i, da Globo News, nesta quarta-feira, 13, e admitiu o prejuízo causado pela morte de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator ligado ao PCC, no Aeroporto de Guarulhos, às investigações.
“Os prejuízos são enormes. O Vinícius tem praticamente uma década de envolvimento com lavagem de dinheiro e com crime organizado. Ele estava em um processo de delação por etapas, estava nos entregando vários desses criminosos. Agora, muita coisa ainda estava por ser revelada pelo Vinícius”, disse o oficial.
Em acordo de delação premiada, o empresário prometeu entregar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e falou sobre crimes envolvendo policiais.
Segundo documento obtido pelo Estado de S.Paulo, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), além do 24º DP (Ermelino Matarazzo) e do 30º DP (Tatuapé), foram citados na delação.
O conteúdo das declarações envolvia crimes de concussão (extorsão cometida por agentes públicos), corrupção passiva e associação criminosa cometidos por policiais.
Força-tarefa
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo instituiu, nesta segunda-feira, 11, uma força-tarefa para investigar a execução do delator do PCC Antonio Vinicius Lopes Gritzbach. As informações foram repassadas pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante entrevista coletiva na sede da SSP, na tarde desta segunda.
Segundo Derrite, o objetivo do grupo é cooperar diretamente com o Ministério Público e atuar para dar uma resposta rápida sobre o crime. O chefe da pasta informou que o grupo atuará sob coordenação do secretário executivo de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves.
Derrite informou, também, que a ação contará com a colaboração da Polícia Federal para a elaboração do inquérito. Para a força-tarefa, foi assinada a resolução SSP 64/2024.
O decreto prevê que o grupo deverá responder pelo “compartilhamento de informações necessárias ao cumprimento de suas atribuições e, caso necessário, colaborando de forma complementar com autoridades federais, sem prejuízo da condução principal das investigações pelo Estado”.
A força-tarefa também fica incumbida de “informar periodicamente o secretário da Segurança Pública sobre a evolução dos trabalhos, com relatórios apresentados semanalmente e sempre que o avanço das investigações demandar atualização imediata”.
"O objetivo é, de fato, identificar, qualificar e prender esses criminosos que cometeram esse assassinato contra esse indivíduo, que foi investigado em outros inquéritos e era réu em um duplo homicídio", informou Derrite à imprensa.