Delegado diz que ex-mulher e seu irmão tramaram morte de diretor da Friboi
De acordo com ele, ligações telefônicas entre os dois mostram que o crime foi premeditado pela ex-mulher e que o irmão ajudou a contratar matador
Durante um depoimento de mais de quatro horas, o delegado Rodolpho Chiarelli Júnior detalhou a investigação da morte de Humberto de Campos Magalhães, diretor financeiro da Friboi, em dezembro de 2008. De acordo com ele, a mandante do crime é a sua ex-mulher Giselma Carmem Campos Carneiro Magalhães e o irmão dela por parte de mãe Kairon Valfer Alves. Ambos estão sendo julgados nesta terça-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste da capital paulista.
De acordo com o delegado, sem os dois, o crime não teria acontecido. "Ela pediu apoio para o irmão - e pagou por isso - que havia ficado preso 18 anos no Maranhão por vários crimes relacionados ao tráfico de drogas", disse ele.
De acordo com a investigação, a ex-mulher de Magalhães chegou a viajar ao Maranhão e financiou a vinda de Kairon a São Paulo. Na capital paulista, ele entrou em contato com um homem chamado Raimundo, que declinou da oferta para matar o executivo. Posteriormente ele procurou Osmar Gonzaga Lima, que por sua vez contratou Paulo dos Santos para executar o crime. Ambos foram julgados e condenados a 20 anos de prisão pelo homicídio. Paulo foi condenado como o autor dos disparos.
O delegado afirmou que foram rastreados os números de celular dos investigados e que havia várias ligações antes e depois do crime. O telefone do filho de Giselma, Carlos Eduardo Campos Magalhães, na época com 17 anos, teria desaparecido no dia anterior ao crime. Segundo o delegado, o telefone foi passado a Kairon, que foi quem teria ligado para a vítima, informando que o garoto havia passado mal. Quando Humberto foi ao local informado, acabou morto.
Nesta terça-feira, além do delegado, foi ouvido um vizinho, que presenciou os disparos. Antes de morrer, a vítima tocou a campainha de sua casa para perguntar sobre o filho.
Como foi o assassinato
Na noite do crime, Magalhães havia saído com seu Mercedes-Benz até a rua Alfenas, próximo à sua casa, após receber um telefonema - do telefone celular de seu filho - dizendo que ele teria passado mal e estaria ali. Um morador do local, em depoimento à polícia, disse que o executivo tocou a campainha de sua casa várias vezes. Quando atendeu, Magalhães contou a ele que tinha recebido uma ligação dizendo que seu filho estaria ali e havia uma criança chorando naquela casa - o que, segundo a polícia, seria uma espécie de senha combinada previamente com alguém.
O morador, que nada tinha a ver com o combinado, disse que não havia nenhuma criança chorando no local. Depois, observou o executivo caminhar até o carro, onde um motoqueiro o esperava. Após uma breve conversa com Magalhães, o motoqueiro atirou nele e fugiu. Na época, a polícia disse que a senha poderia ter sido uma armadilha dos bandidos para checar se a vítima estava com proteção policial.
O 5º Tribunal do Júri de São Paulo condenou Paulo dos Santos e Osmar Gonzaga Lima à pena de 20 anos de prisão em regime fechado.