Desembargador afirma que pré-campanha de Moro "desequilibrou"; caso vai para a segunda vista
Com o voto, o placar vai para 1 a 1, com o voto contrário sendo do relator do caso, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza
No segundo dia de julgamento, o desembargador eleitoral José Rodrigo Sade votou a favor da cassação do mandato do senador Sérgio Moro, afirmando que a quantia gasta na pré-campanha presidencial "desequilibrou" as eleições estaduais no Paraná.
Com o voto, o placar vai para 1 a 1, com o voto contrário sendo do relator do caso, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza. A próxima votante, Claudia Cristina Cristofani, pediu vista do caso, afirmando haver "um grande volume de ideias" e solicitando "um intervalo para refletir e concluir". A sessão foi suspensa até a próxima segunda-feira.
Voto a favor do desembargador
O desembargador considerou a ação um "caso difícil", mas viu procedência nos apontamentos feitos pela denúncia, que afirmam que os gastos de Moro em sua campanha pré-presidencial afetaram diretamente em sua eleição como senador no Paraná.
"Para mim não parece possível simplesmente apagar os caminhos que o pré-candidato percorreu quando ainda estava pré-candidato presidencial. Não se apaga o passado. Tentando participar de três eleições diferentes, desequilibrou, Sergio Moro, a seu favor, a última: a de senador pelo Paraná", constatou Sade em seu voto. Ao contrário de Falavinhas, ele defende que não deve haver distinção entre as campanhas do senador.
"A pré-campanha do investigado a presidente acabou o beneficiando quando, mudando a veras o seu barco, tentou aportar no Senado Federal. Para mim, assim, é completamente desinfluente saber da intenção inicial do investigado", completou.
AGORA: desembargador do TRE deixa claro a culpa do Sérgio Moro no processo de cassação.pic.twitter.com/Kgt6PfhmfU
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) April 3, 2024
Ação contra Moro
Moro é acusado, em dois processos, de abuso econômico, caixa dois e utilização indevida de meios de comunicação social durante sua pré-campanha presidencial, em 2022, quando ele ainda compunha o Republicanos. Os acusadores alegam "desequilíbrio eleitoral causado pela irregular pré-campanha […] desde o momento da filiação partidária de Moro com lançamento de pré-candidatura ao cargo de presidente".
Ambos processos são semelhantes, por isso serão julgados simultaneamente. Um deles foi protocolado pelo PL, partido de Bolsonaro, e outro pela Federação Brasil da Esperança - FÉ BRASIL (PT/PCdoB/PV). "Os investigados orquestraram conjunto de ações para usufruir de estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num segundo momento, migrar para uma disputa de menor visibilidade, menor circunscrição e teto de gastos vinte vezes menor, carregando consigo todas as vantagens e benefícios acumulados indevidamente", diz uma das ações.