Em delação, Élcio afirma que primeira tentativa de matar Marielle ocorreu em 2017
Vereadora já estava sendo monitorada há meses, conforme o ex-PM
O ex-PM Élcio de Queiroz fez um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), no qual confidenciou que a primeira tentativa de matar a vereadora Marielle Franco ocorreu ainda em 2017. Segundo o réu, ele não participou da ação naquele ano.
Segundo a Folha de S. Paulo, a tentativa fracassou porque um dos suspeitos teria ficado com medo, e ele seria Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, preso nesta segunda-feira, 24, em uma ação da PF.
O crime contra Marielle estava programado para acontecer no último trimestre de 2017, no entanto, ela foi morta meses depois, em 14 de março de 2018. Junto dela, também estava Anderson Gomes, que não resistiu, e a assessora, Fernanda Chaves, única sobrevivente do ataque.
Em sua delação, o ex-PM afirmou que o "monitoramento do alvo" já era feito desde o final daquele ano, mas ainda não envolvia a sua participação. Ele relembrou que passou o dia 31 de dezembro com Ronnie Lessa, que comentou enquanto estavam bêbados sobre a tentativa contra a vida da vereadora.
“Em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher. [...] Estavam nessa época aí, já um tempo 'campanando' esse alvo e teve uma oportunidade de chegar até esse alvo um dia, na área do Estácio, e na hora que foi para acontecer o fato, o crime, no caso seria uma execução... o piloto (inaudível) do carro era o Maxwell, o atirador na frente seria o Ronnie, o outro no banco de trás seria o Edmilson Macalé. O Ronnie achou que houve um refugo", disse em depoimento.
Maxwell teria dito que o carro estava com problemas, mas Ronnie não acreditou, achou que foi “medo”, e que Suel “refugou”.
Macalé, citado por Élcio, era policial militar e foi morto em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, em 6 de novembro de 2021, enquanto caminhava até seu carro. O crime continua sem solução. Ainda de acordo com a Folha, o relator afirmou que o PM não estava no dia da execução de Marielle, somente Queiroz e Ronnie.