Empresários da Operação Sanguessuga são condenados a 4 anos
Empresários foram acusados de montar esquema de superfaturamento de ambulâncias. Delação premiada reduziu a pena em dois terços
Os empresários Darci Vedoin e o filho dele, Luiz Antônio Vedoin, acusados de montar um grande esquema de superfaturamento de ambulâncias, foram condenados a quatro anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto.
Eles foram condenados pelo juiz Paulo Sodré, da 7ª Vara Federal de Mato Grosso, oito anos após a Polícia Federal deflagrar a Operação Sanguessuga, em 4 de maio de 2006, envolvendo, além deles, parlamentares e secretários de saúde de várias siglas partidárias de várias regiões do País.
O Ministério Público Federal (MPF) imputou aos Vedoin crimes como corrupção ativa, formação de quadrilha, fraude a licitação e lavagem de dinheiro e os denunciou por cada uma das ambulâncias irregulares negociadas, penas que, somadas, dariam quase mil anos de detenção.
"Isso é um absurdo", argumenta o advogado de defesa dos empresários, Valber Melo. "Provei a continuidade dos crimes, ou seja, que eles cometeram os mesmos crimes uma vez só." Outro motivo para a amenização da pena em dois terços foi o acordo que os denunciados fizeram em audiência judicial para serem beneficiados pela delação premiada, prevista em lei. "O juiz levou isso em consideração para sentenciar", disse o advogado. O MPF tentou manter a redução em apenas um terço.
O juiz também absolveu os Vedoin do crime de corrupção ativa. Conforme a defesa, faltou na denúncia do MPF especificar as fases em que o crime ocorreu: omissão, dissimulação e integração.
O MPF não concordou com a sentença e já interpôs recurso para questioná-la. A Justiça vai encaminhar o processo de volta ao MPF, que terá prazo de oito dias para fazer isso ponto a ponto.
A defesa, por sua vez, também entrou com outro recurso, desta vez pedindo 100% de perdão aos ex-empresários. “Afinal, foi a maior delação premiada da história do Brasil”, diz o advogado Valber Melo.
No esquema, os empresários Vedoin, donos da empresa Planam, especializada em venda e adequação de ambulâncias, assediavam parlamentares para que liberassem verbas de emendas para a compra das ambulâncias superfaturadas. O esquema contava com a anuência de secretários municipais. Os intermediários ficavam com 10% das emendas.
O Congresso abriu uma CPI para investigar o caso e chegou a uma lista imensa de envolvidos, entre eles 90 parlamentares, sendo 87 deputados, 3 senadores e 25 ex-parlamentares.
Os Vedoin moram em Cuiabá e esperavam pela sentença em liberdade. A empresa Planam fechou na época do escândalo.