Entenda a escalada de violência que atinge o Rio Grande do Norte
Ataques começaram nesta semana e presos suspeitos de comandar ações criminosas foram transferidos
O Rio Grande do Norte passa por uma onda de ataques criminosos, incluindo incêndios em prédios públicos, comércios, veículos e até residências, além de tiroteios e mortes. Desde a última terça-feira, 14, a capital, Natal e pelo menos 39 cidades registraram ataques.
Algumas cidades alvos de ataques no Rio Grande do Norte foram: Acari, Boa Saúde, Caicó, Campo Redondo, Cerro Corá, Jaçanã, Lagoa D'anta, Lajes Pintadas, Montanhas, Mossoró, Nísia Floresta, Parnamirim, Santo Antônio, Tibau do Sul, Touros e São Miguel do Gostoso.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, até as 6h deste sábado, 18, 104 pessoas foram presas. No total, foram apreendidos, desde a última terça-feira, 14, 29 armas de fogo, 87 artefatos explosivos e 23 galões de gasolina, além de 11 motos e dois carros, dinheiro, drogas e munições. Produtos de furto também foram recuperados. Entre os presos estão foragidos da Justiça e pessoas que usam tornozeleira eletrônica em situações ilícitas.
Autoridades federais
Na sexta-feira, 17, o secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, chegou ao Rio Grande do Norte, e a governadora, Fátima Bezerra, destacou que a ação integrada é uma demonstração de que o grupo tomará “as medidas necessárias para restabelecer a paz e a ordem pública em todo o Rio Grande do Norte”.
Além do secretário nacional de Segurança Pública, também chegou ao Rio Grande do Norte, na quinta-feira, 16, o secretário nacional de Gestão Penitenciária, Rafael Velasco. Os policiais militares e a Polícia Civil do Rio Grande do Norte se somaram aos integrantes da Força Nacional em vários pontos da cidade e em ações integradas para combater os últimos acontecimentos que assolaram o estado. Sob a coordenação da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o reforço chegará a aproximadamente 500 homens e mulheres enviados pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
Quando começaram os ataques no Rio Grande do Norte?
Os ataques foram planejados por criminosos e começaram a acontecer na última terça-feira, 14. Durante a madrugada, foram depredados prédios como um fórum de Justiça, duas bases da PM, uma prefeitura e um banco.
Veículos de concessionárias e carros estacionados nas ruas e em garagens também foram atacados.
Por que isso está acontecendo?
A imprensa local noticiou que os ataques foram ordenados por membros da facção criminosa chamada Sindicato do Crime, que está presente em bairros periféricos dos principais municípios do Estado. Os crimes teriam sido motivados pelas más condições dos presídios do Estado. Em vistorias a cinco prisões do Estado, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, encontrou evidências de torturas físicas e psicológicas, falta de alimentação, desassistência em saúde e superlotação, entre outras violações dos direitos.
Especula-se que as duas quadrilhas rivais, Sindicato e PCC, teriam dado uma trégua no conflito para reivindicar melhorias no sistema carcerário por meio de ataques violentos à sociedade civil e serviços públicos.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Francisco Araújo, as ordens para as ações criminosas no RN foram motivadas por exigências como aparelhos de televisão e visitas íntimas, para os presos do sistema penitenciário estadual. As declarações ocorreram na manhã da última quarta-feira, 15.
Quantas pessoas já foram presas?
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, até as 6h deste sábado, 18, 104 pessoas foram presas. Entre os presos estão foragidos da Justiça e pessoas que usam tornozeleira eletrônica em situações ilícitas.
Transferência
Nove presos foram transferidos de presídios federais por suspeita de comandar os ataques criminosos que acontecem no Rio Grande do Norte. A transferência aconteceu na noite de sexta-feira, 17. Agora, já são 10 custodiados do estado incluídos nas penitenciárias federais desde o início da crise.
Os presos saíram do Presídio Rogério Coutinho, localizado no Complexo de Alcaçuz, para o Sistema Penitenciário Federal (SPF). A operação teve apoio dos policiais penais que atuam na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária de RN. A transferência foi a pedido do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte e do Governo local e autorizada pelo Juiz da Vara de Execução Penal.
Quantas pessoas morreram?
O Estado não divulgou um balanço com o número de mortes relacionadas aos ataques no Rio Grande do Norte. No entanto, a Polícia Civil confirmou que houve o assassinato de um comerciante na noite de terça-feira, 14, na Zona Oeste de Natal, com relação aos crimes. Um suspeito foi preso.
Um suspeito morreu durante um confronto com policiais, e outro também morreu em uma troca de tiros com a polícia na sexta-feira, 17. A polícia cumpria mandados de prisão contra integrantes de uma organização criminosa apontada como responsável pelos ataques no RN.
Nesta sexta-feira, um policial penal foi morto a tiros em frente a um comércio. A vítima, identificada como Carlos Eduardo Nazário, de 49 anos, estava na rua por volta das 21h30, com amigos, quando foi baleado. Uma pessoa que estava com ele foi atingida por um disparo na perna, mas não corre risco de vida.