Ex-mulher de executivo culpa irmão pela morte de diretor da Friboi
Ela negou participação no crime e afirmou que Kairon Vaufer Alves acabou com a sua vida. 'Hoje moro de aluguel'
Durante um interrogatório de cerca de duas horas, Giselma Campos Magalhães, ex-mulher do diretor executivo da Friboi, Humberto de Campos Magalhães, assassinado em dezembro de 2008, se eximiu de culpa no crime durante o julgamento em que é acusada de ser a mandante do assassinato. Ela culpou o seu irmão, Kairon Vaufer Alves, por ter planejado a morte do diretor. Ele também está sendo julgado no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste da capital paulista.
"Kairon acabou com a minha vida. Eu tinha uma casa ampla, carro novo e passei a andar a pé por muitos anos. Hoje moro de aluguel", disse ela, sem esboçar nesse momento nenhum sentimento pela morte do ex-marido.
Na época do crime, Humberto já havia deixado a residência do casal. Ele vivia com outra mulher, Adriana Ferreira Domingos. Giselma usou as cerca de duas horas para explicar o relacionamento conturbado com o ex-marido. "Durante o casamento ele saía com outras mulheres. E qualquer mulher nessa situação não fica tranquila", disse ela.
Giselma relatou que a relação com os filhos, à época no final da adolescência, sempre foi conturbada e que nunca tentou incriminar o mais novo pela morte do pai. No dia do crime, o celular do garoto, que havia desaparecido de casa, foi utilizado pelo assassino para atrair o empresário para o local em que ele seria morto.
"Eu amo o Carlos Eduardo. Amo muito. Nunca deixei de amar meu filho", disse ela. Carlos Eduardo, ouvido como testemunha afirmou que acredita que sua mãe seja a mentora do crime e que, por isso, não a chama de mãe.
Com a diferença nas versões dos irmãos, um culpando o outro, houve uma acareação entre eles. Os réus confirmaram seus próprios depoimentos e desmentiram a versão do outro.
Como foi o assassinato
Na noite do crime, Magalhães havia saído com seu Mercedes-Benz até a rua Alfenas, próximo à sua casa, após receber um telefonema - do telefone celular de seu filho - dizendo que ele teria passado mal e estaria ali. Um morador do local, em depoimento à polícia, disse que o executivo tocou a campainha de sua casa várias vezes. Quando atendeu, Magalhães contou a ele que tinha recebido uma ligação dizendo que seu filho estaria ali e havia uma criança chorando naquela casa - o que, segundo a polícia, seria uma espécie de senha combinada previamente com alguém.
O morador, que nada tinha a ver com o combinado, disse que não havia nenhuma criança chorando no local. Depois, observou o executivo caminhar até o carro, onde um motoqueiro o esperava. Após uma breve conversa com Magalhães, o motoqueiro atirou nele e fugiu. Na época, a polícia disse que a senha poderia ter sido uma armadilha dos bandidos para checar se a vítima estava com proteção policial.
O 5º Tribunal do Júri de São Paulo condenou Paulo dos Santos e Osmar Gonzaga Lima à pena de 20 anos de prisão em regime fechado.