Exército e Polícia Civil apreendem no Rio mais duas metralhadoras furtadas de Arsenal
Armas estavam dentro de um carro, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. O veículo também foi apreendido
Mais duas metralhadoras das 21 furtadas do Arsenal de Guerra de Barueri (SP), foram localizadas e apreendidas na madrugada desta quarta-feira, 1º, no Rio de Janeiro. O armamento foi encontrado por equipes do Comando Militar do Leste e da Polícia Civil do Rio.
De acordo com o Comando Militar do Sudeste (CMSE), além das duas metralhadoras calibre .50, um fuzil calibre 7,62 também foi encontrado. Ainda não se sabe a origem desta arma, e o exército investiga se também foi furtada do Arsenal de Guerra.
O armamento foi encontrado em um veículo, na Avenida Lúcio Costa, altura da Praia da Reserva, na Barra da Tijuca. De acordo com o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Marcus Amim, os deslocamentos das armas realizados pelos criminosos estavam sendo monitorados pela Polícia Civil.
"Informações de inteligência detectaram que o armamento estava em deslocamento. Foram realizadas diversas diligências, inclusive em hotéis da Zona Oeste, para localizar as armas. Com base no trabalho de inteligência das forças de segurança conseguimos interceptar e recuperar os armamentos", afirmou o secretário em nota.
As armas serão submetidas à perícia, e posteriormente, devolvidas ao Exército Brasileiro. O veículo que estava em posse dos criminosos também será periciado. Até o momento, já foram recuperadas 19 armas, sendo dez no Rio e nove em São Roque, no interior de São Paulo.
Na manhã de terça, 31, foi realizada uma ação conjunta do Exército e da Polícia Militar (PM) para tentar localizar as quatro metralhadoras, que até então estavam desaparecidas. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências em que os armamentos poderiam estar guardados. Outros itens foram apreendidos nesses locais.
Em nota ao Terra, o Exército afirmou que considera o episódio de furto inaceitável e seguirá realizando todos os esforços necessários para recuperação de todo o armamento no mais curto prazo e a responsabilização de todos os autores.
Armamentos seriam direcionados ao crime organizado
As metralhadoras foram furtadas entre os dias 5 e 8 de setembro. No dia 6, foi realizada a última recontagem do arsenal, e a partir do dia 7, foi verificado somente se a porta do depósito estava lacrada. Mais de 30 dias depois, no dia 10 de outubro, um subtenente viu sinais de arrombamento no local, e percebeu que o lacre numerado havia sido trocado.
Os militares responsáveis por conferir se o lacre era o mesmo colocado no dia 6 de setembro estão sendo investigados por infrações disciplinares. As investigações apontam que militares teriam cortado intencionalmente a luz do Arsenal de Guerra do Exército para cometer o crime, conforme o Jornal Nacional, da TV Globo.
Com o corte de energia, o sistema de segurança parou de funcionar. Na perícia, foram encontradas impressões digitais de militares do quartel em alguns quadros de luz.
As impressões digitais de um cabo, motorista do então diretor do arsenal de guerra, o tenente-coronel Rivelino Barata de Souza Batista, também foram encontradas por peritos. O motorista não tinha autorização para circular pelo local, mas a suspeita é de que ele tenha aproveitado o livre acesso que tinha ao quartel como homem de confiança.
Além disso, a principal linha de investigação aponta que ele teria usado uma viatura oficial do diretor para tirar as metralhadoras do quartel sem levantar suspeitas. Militares confirmaram à reportagem que o carro do diretor raramente era revistado quando chega ou sai do quartel. O tenente coronel não é investigado no inquérito que apura o furto. Ele foi exonerado do cargo e será transferido.
Ao todo, sete militares são investigados pelo caso, e agora, as autoridades avaliam se os indícios reunidos até o momento são suficientes para pedir à Justiça a prisão dos suspeitos. Os sigilos bancário e fiscal foram pedidos e pode ajudar a identificar quem negociou as armas com o crime organizado.
De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o armamento teria como destino as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).