O juiz Fábio Uchôa Montenegro, da 1ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), considerou que Daniel de Oliveira Coutinho é inimputável no processo da morte do pai, o cineasta Eduardo Coutinho. O magistrado submeteu Daniel, que é réu no processo, à medida de segurança de internação em estabelecimento oficial para portadores de doença mental. O prazo é de, no mínimo, três anos.
No dia 2 de fevereiro de 2014, Daniel matou o pai com golpes de faca e feriu a mãe, Maria das Dores de Oliveira Coutinho. Ela conseguiu escapar ao se trancar em quarto da casa.
Na sentença, o juiz explicou que o réu foi considerado inimputável com base no laudo da perícia para o exame de insanidade mental a que Daniel foi submetido e que indicou que ele tem transtorno esquizotípico. “Uma vez que não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato, e era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com este entendimento, consoante concluiu a douta perícia no Exame de Insanidade Mental do Réu”, apontou.
Fábio Uchôa Montenegro esclareceu também que a medida de segurança de internação tem objetivo de garantir a segurança da sociedade e do próprio réu. “Com efeito, o réu encontra-se nas condições do Artigo. 26 Caput do Código Penal, justificando, assim, a imposição de medida de segurança de internação pelo prazo de três anos, tendo em vista a gravidade de sua doença mental, apontada pela perícia forense e pela privada, a potencialidade de perigo que o mesmo representa para a sociedade e para si próprio, sublinhando-se que a perícia particular ainda aponta para possibilidade de grave risco de suicídio, se não houver o devido tratamento curativo, do tipo internação”, indicou o juiz em sua decisão.
Corpo do cineasta Eduardo Coutinho, assassinado no domingo, é velado no Cemitério São João Baptista, em Botafogo, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro do cineasta Eduardo Coutinho está marcado para ocorrer às 16h desta segunda-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Vera Lucia Maciel Savelle, que participou do documentário Edifício Master, foi se despedir do cineasta Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Documentário Edifício Master foi um dos trabalhos do cineasta Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Eduardo Coutinho é considerado um dos maiores documentaristas do Brasil
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Entre outros filmes, ele é autor de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000, Jogo de Cena e Edifício Master
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Daniel Coutinho, 41 anos, filho do cinesta Eduardo Coutinho, 81 anos, é considerado por um vizinho que não quis se identificar como uma pessoa "muito introvertida"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
João Moreira Salles e Armando Freitas lamentaram a morte do cineasta Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Personagem de 'Babilônia 2000' lamentou a morte de Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Para o cineasta Luiz Carlos Barreto, mais conhecido como Barretão, a morte de Coutinho é uma perda enorme para o cinema não só brasileiro, mas mundial
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Barretão diz que via Coutinho "ocasionalmente, o que eu lamenta muito", mas que virou amigo quando ele o ajudou a escrever o roteiro de Dona Flor e Seus Dois Maridos, em 1976
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Era uma pessoa de um humor ótimo, apesar de ser conhecido por ser discreto e na dele. Ele não desperdiçava palavras e guardava, de fato, o talento dele para os filmes. Não era exibicionista", disse Barretão sobre Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Também parte do documentário, a aposentada Maria do Céu, 76 anos, conversou com Coutinho pela última vez na metade do ano passado, quando ele veio a sua casa falar dos planos de voltar a filmar o Master
Foto: Mauro Pimentel / Terra
A florista Suzy Adenize de Jesus, 65 anos, que vive no Master desde 1982, e esteve entre os 27 moradores que participaram do documentário, conta que ficou sem ação quando descobriu pelo noticiário que Coutinho havia sido assassinado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Se antes ele era conhecido pelas prostitutas e traficantes que o habitavam, levando o síndico com frequência à delegacia para resolver problemas com os moradores, hoje o valor de um apartamento no local bate na casa dos R$ 700 mil e virou objeto de desejo
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Segundo o síndico, Coutinho planejava gravar outro documentário no edifício, tratando das mudanças pelas quais o prédio, a uma quadra da praia de Copacabana e composto por 276 quitinetes de 37 metros quadrados, passou ao longo dos últimos 12 anos
Foto: Mauro Pimentel / Terra
"O filme me ajudou a conhecer moradores por trás das portas, entender o problema de cada um", disse Coutinho à época
Foto: Mauro Pimentel / Terra
À época da gravação, o cineasta e sua equipe chegaram a morar no prédio por três semanas, e o cineasta ficou conhecido pelos moradores pela gentileza e bom humor com que tratava a todos
Foto: Mauro Pimentel / Terra
"Ele tinha um jeitinho especial de entrevistar. Para você arrancar as coisas das pessoas como ele fez tem que entender muito do ser humano", reflete o síndico, há 16 anos à frente do Master e formado em magistério e psicologia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Entre uma ligação e outra, o síndico se emocionou ao lembrar do cineasta, que seguiu visitando o prédio da zona sul do Rio que ajudou a tornar personagem, em 2002
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Síndico do edifício Master, prédio que ficou famoso após ter parte da história de seus mais de 250 moradores relatada no documentário homônimo de Eduardo Coutinho, Sérgio Casaes passou a manhã atendendo telefonemas sobre a morte do documentarista
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Coutinho foi encontrado ontem em seu apartamento no Jardim Botânico, zona sul do Rio, morto a facadas
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O diretor Walter Salles e o cineasta Zelito Viana também acompanharam o enterro
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O cineasta João Moreira Salles durante o enterro de Eduardo Coutinho
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Familiares, amigos e admiradores de Coutinho se emocionaram durante o enterro do cineasta
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O ator Lázaro Ramos também passou, rapidamente, pelo velório do cineasta para prestar sua homenagem
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O também ator Wagner Moura disse que ficou sabendo da notícia da morte de Coutinho pela internet. Eu estou chocado, abalado. Nós perdemos um dos mais importantes cineastas de todos os tempos. Era uma pessoa muito amável, delicada, querida."
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O ator Antônio Pitanga, em homenagem ao cineasta, gritava o nome "Eduardo Coutinho", enquanto os demais respondiam, prontamente: "presente"
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Na hora do enterro, os aplausos duraram cerca de cinco minutos
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O cortejo final foi acompanhado por cerca de 150 pessoas, entre elas vários artistas que trabalharam ou admiravam a obra do documentarista
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O corpo do cineasta Eduardo Coutinho, morto a facadas em seu apartamento no domingo, foi enterrado na tarde desta segunda-feira no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro
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Daniel Coutinho é transferido após ter alta de hospital, onde estava internado sob custódia, na sexta-feira (7)