Tropas das Forças Armadas ocupam desde a madrugada deste sábado o complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro. Os militares estão concentrados nas entradas do complexo, que tem 15 comunidades, e irá receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). É possível ver carros blindados e jipes, além de um helicóptero que sobrevoa a região. Alguns militares estão com armas com balas de borracha.
Os carros, motos e vans que estão entrando nas favelas estão sendo revistados. Os motoristas têm inclusive que abrir as malas e caixas de isopor que estejam transportando. Mesmo moradores que estão a pé estão sendo revistados e precisam abrir mochilas e mostrar documentos.
A situação é de tranquilidade nos acessos às favelas. A Polícia Militar e Forças Armadas afirmam que não há registro de confronto.
Valdir dos Santos, 67 anos, que trabalha há dez anos em um bar na favela Nova Holanda e mora há 40 no local, disse que a ocupação está deixando a situação na comunidade "melhor". "Para mim, está bom. A gente normalmente tem que pagar R$ 45 por semana para ter segurança aqui na rua", disse, referindo-se à cobrança ilegal a que os comerciantes são submetidos em várias favelas do Rio.
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Os moradores circulam normalmente nas ruas perto da avenida Brasil e o comércio está funcionando. Muitos moradores ainda evitam falar com a imprensa. Uma moradora que não quis se identificar disse que policiais militares entraram em casas da favela nesta semana sem mandado. "Quero ver trazer mais saúde, saneamento e escolas para cá", disse.
Moradora há 40 anos da favela vila dos Pinheiros, a comerciante Fátima Cristina, 44 anos, disse que espera que a sensação de segurança na região melhore com a presença da Marinha e da Aeronáutica. Mas faz uma crítica à Operação São Francisco, nome dado à ocupação das Forças Armadas. "Não deveria ser com data marcada. Assim, as pessoas ficam sabendo e saem, se preparam", considerou. Fátima revelou que não confia totalmente nos militares. "Se eu falar que não tenho desconfiança estarei mentindo", afirmou.
Já para o aposentado Manuel Rodrigues de Moraes, 69 anos, o fato de as Forças Armadas estarem à frente da operação, e não a PM, faz diferença. "Quem conhece o Exército, sabe que ele é respeitado. A polícia se vende e isso estraga a polícia", disse Moraes. Para ele, entrada dos militares é positiva. "Está bom demais. Sempre pedi isso a Deus. Para quem não tem bandido na família, a vida vai melhorar", afirmou.
O aposentado contou que na região onde mora, na favela Parque Rubem Vaz, já foi vítima de violência várias vezes. "Já sofri muito aqui. Já fui esfaqueado na porta de casa", contou.
Em algumas casas da Maré há adesivos de entidades de Direitos Humanos com uma espécie de aviso às forças de segurança para que eles não cometam violações e abusos contra moradores. "Conhecemos nossos direitos. Não entre nessa casa sem respeitar a legalidade da ação", dizem os adesivos, que informam o telefone da Corregedoria da Polícia Militar para denúncias.
Troca de Comando
Pouco depois das 9h, a Polícia Militar do Rio passou o comando da operação de ocupação no complexo de favelas da Maré para as Forças Armadas. As bandeiras do Estado do Rio de Janeiro, do Brasil e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram retiradas do local onde estavam hasteadas, em uma base na vila dos Pinheiros. Um bandeirão do Batalhão de Choque da Polícia Militar também foi removido. Os carros do Batalhão de Choque que estavam nessa área foram retirados e tanques militares ocuparam o local.
Às 5h, os 300 policiais militares do Batalhão de Choque, do Bope e de outras unidades começaram a sair do complexo, à medida que os militares do Exército e da Marinha ocupavam a região. Às 8h, os carros da PM que estavam em postos de vigilância em vias de acesso à Maré saíram de seus postos. "Foi uma transição tranquila", disse o coronel Alexandre Fontenelle, comandante do Comando de Operações Especiais da PM. Cerca de 200 PMs de uma companhia especial ficarão no local, trabalhando sob o comando das Forças Armadas, junto com os 2,5 militares da Marinha e do Exército.
Cerca de 2,7 mil homens da Forças de Pacificação permanecerão na Maré pelo menos até 31 de julho. Desse total, 2.050 são da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, 450 da Marinha e 200 são da Polícia Militar, além de uma equipe avançada da 21ª Delegacia de Polícia. A Força Aérea poderá disponibilizar recursos operacionais. A Maré tem cerca de 10 quilômetros quadrados.
Forças Armadas ocuparam a comunidade da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, neste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Tropas começaram a ocupação ainda na madrugada deste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Complexo na zona norte do Rio tem 15 comunidades
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Carros blindados, helicópteros e jipes são usados na ocupação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ocupação da favela ocorre após uma série de ataques a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores circulam normalmente durante a ocupação da favela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores que estão a pé precisam abrir mochilas para serem revistadas pelos militares que ocupam a comunidade
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Carros, vans e motos que estão entrando nas favelas estão sendo revistados
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Circulação de moradores continua mesmo com a ocupação da comunidade
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Forças Armadas entraram na favela ainda na madrugada deste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ocupação iniciou tranquilida na zona norte do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Após ocupação, mais uma UPP será instalada
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores acompanharam de suas casas a ocupação da favela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Soldados utilizaram forte armamento para invadir o local
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ocupação começou ainda na madrugada de sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Comerciante limpa tranquilamente a calçada durante a ocupação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Segundo o general de Brigada do Exército Roberto Escoto, que comanda a Força de Pacificação na Maré, não há notícias de confronto com bandidos quando as Forças Armadas entraram nas favelas e não foram feitas prisões até o final da manhã deste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que espera que até 31 de julho a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do complexo de favelas da Maré esteja instalada
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Governador do Rio de Janeiro cumprimenta o Ministro da Defesa
Foto: Mauro Pimentel / Terra
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse neste sábado que conjunto de favelas da Maré, que foi ocupado neste sábado por tropas das Forças Armadas, era um hub da distribuição de drogas e de roubos de carros e motos
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Estamos libertando um território que é uma cidade de 130 mil habitantes. Já prendemos 180 pessoas nos últimos 15 dias . Somando forças a gente desperta a esperança e o caminha para poder vencer o tráfico de drogas, disse Pezão
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores do Complexo da Maré, ocupado pelas Forças Armadas, vivem expectativa de mudanças sociais
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
O potiguar Jorge Paulo, 68 anos, há 65 na Maré, possui uma pequena criação de cabras
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Andreia Oliveira da Costa, que mora há 12 anos no local, não se conforma com as condições de moradia
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Welington Barbosa, que vive em um barraco à beira de um canal no Complexo da Maré, quer ajuda do Estado para sair da casa de compensado
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Criação de cabras de Jorge Paulo, que veio do Rio Grande do Norte e hoje vive no Complexo da Maré
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, em visita ao Complexo da Maré
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Crianças brincam com forças de ocupação do Exército
Foto: Governo do Rio / Divulgação
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, em visita ao Complexo da Maré
Foto: Governo do Rio / Divulgação
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em visita ao Complexo da Maré
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Carros do Exército fazem ronda no Complexo da Maré
Foto: Marcus Vinicius / Terra
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