Guru espiritual é acusado de desviar R$ 20 milhões de seguidores e gastar dinheiro com apostas e viagens de luxo, diz polícia
Defesa de Adir Aliatti nega acusações
O guru espiritual Adir Aliatti, conhecido como Prem Milan, está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul por suspeita de ter desviado cerca de R$ 20 milhões de seus seguidores. Ele atuava como guia espiritual na comunidade alternativa Oscho Rachana, no interior do Estado.
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De acordo com O Globo, o montante teria sido gasto em viagens luxuosas, apostas esportivas e investimentos. A defesa do guru nega as acusações.
"As pessoas venderam carros, fizeram empréstimos, foram avalistas de negócios. Ele comprou muitos imóveis e tudo era revertido para uso pessoal. Na metade deste ano, as vítimas começaram a perceber que havia algum problema financeiro e constataram o prejuízo de R$ 4 milhões, que ele teria perdido com dívidas, apostas online, viagens", disse Jeiselaure de Souza, delegada responsável pela investigação.
Agentes apreenderam na quarta-feira, 11, documentos, computadores, telefones celulares e máquinas de cartões, além de diversas fotografias. A investigação teve início após uma denúncia, ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, de ex-integrantes da comunidade.
"Eles narraram uma série de crimes que eram praticados lá, desde financeiros a agressões físicas e verbais que configuram uma verdadeira tortura psicológica. Essas pessoas procuravam essa comunidade porque ele oferecia curas a partir de terapias alternativas bioenergéticas", afirmou a delegada. Ela destacou, ainda, que as denúncias citavam crimes de estelionato e curandeirismo.
Entre as atividades que o grupo precisava praticar estava sexo como parte do processo terapêutico, com denúncias de crianças expostas aos atos. Os pacotes de imersão dentro da comunidade variavam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. Caso os integrantes optassem por morar no local, eles deveriam pagar uma mensalidade.
Segundo Adir Aliatti, o valor seria revertido em ganhos para a comunidade, mas, de acordo com a Polícia Civil, isto não acontecia. Depois da pandemia, o guru passou a exigir que os seguidores fizessem empréstimos bancários de alto valor a favor do grupo.
"Ele coagia as vítimas com base nas informações obtidas nas terapias, que eram feitas nesses processos de imersão. Em encontros ali dentro, ele execrava, humilhava essas pessoas na frente de todo mundo, chegando, inclusive, às agressões físicas", contou a delegada.
Em nota ao O Globo, a defesa do guru negou as acusações e se colocou à disposição para auxiliar autoridades. "Aliatti confia na justiça e não se furtará de prestar todos os esclarecimentos devidos nos foros e momentos adequados. Até onde teve conhecimento dos fatos investigados, a materialidade na narrativa não se sustenta por falta de elementos", disse.