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Polícia

Homicídios caem 41% após sistema de detecção de tiros no RS

30 jan 2011 - 07h16
(atualizado às 09h12)
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Daniel Favero
Direto de Porto Alegre

O número de crimes violentos que resultaram em morte na cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), caiu 41% no último trimestre de 2010, se comparado com os registros do mesmo período de 2009. As informações são do Observatório de Segurança Pública do município, com base em ocorrências policiais. A cidade foi a primeira fora dos Estados Unidos a instalar o sistema de detecção de disparos de arma de fogo, o Shotspotter, que por meio de sensores acústicos, detecta o local e a arma usada no disparo.

A Secretaria de Segurança Pública e Cidadania de Canoas atribui ao Shotspotter parte da responsabilidade pela queda nos índices. O bairro escolhido para a implantação do sistema foi o de Guajuviras, que sofria com altos índices de homicídios. O local é o mais populoso e violento da cidade, conhecido como a Bagdá Brasileira. Segundo a secretaria, nos meses seguintes à implantação, três vidas foram salvas e duas pessoas foram presas com a utilização do equipamento, que agilizou a chegada da polícia nos locais dos crimes.

Os homicídios são o maior problema da cidade, no que diz respeito à segurança pública, e recebem atenção especial das autoridades envolvidas. "Parte dos homicídios tem relação com o tráfico de drogas, atuação de gangues e quadrilhas que se organizam a partir do tráfico de drogas e acabam cometendo uma série de outros delitos como os homicídio e os roubos de veículos", afirma o o secretário municipal de Segurança Pública e Cidadania de Canoas, Eduardo Pazinato.

Para o delegado responsável pela 2º Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, Edilson Chagas Paim, apesar do Shotspotter ter sido implantado há pouco tempo (em setembro de 2010), a queda nos índices está diretamente relacionada a ele. "Além de ajudar na prova que é apresentada em juízo, no caso de um homicídio, por exemplo, também ajuda na redução do índice de criminalidade porque inibe (o crime). É uma grata novidade", elogia o delegado.

O Shotspotter foi desenvolvido há cerca de 10 anos no Vale do Silício, na Califórnia, e há cinco é comercializado. "Nos últimos cinco anos, atingiu um grau de maturidade que possibilitou o uso bastante eficaz voltado para a segurança pública", diz o diretor geral da American Security International, Roberto Motta, representante brasileiro do sistema.

O secretário de Segurança de Canoas considera o Shotspotter mais uma ferramenta da metodologia que a cidade de Canoas adotou em acordo com as diretrizes da política nacional de segurança pública. Segundo ele, as ações são focadas em três pilares: integração, aparelhamento tecnológico das polícias e ações sociais. As iniciativas foram financiadas por meio de projetos apresentados, em 2009, no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, que destinou R$ 10 milhões no ano seguinte.

"Esse conjunto de ações e projetos é o que está fazendo com que consigamos reduzir o índice de violência e criminalidade", afirma Pazinato ao comentar a queda de 18% no número de homicídios na cidade de Canoas, no ano de 2010. No bairro de Guajuviras, a queda dos homicídios foi de 38%.

Ações sociais e tecnologia

Pazinato afirma que a interrupção da "curva ascendente dos homicídios" ocorreu a partir de 2009. "Em 2006, 2007 e 2008 teve um crescimento de 30% dos homicídios na cidade. A partir de 2009, conseguimos estabilizar esse crescimento e, em 2010, com início efetivo das ações sociais e das ações de integração e tecnologia, conseguimos reduzir os índices de homicídio e outros delitos relacionados, como por exemplo, o furto de veículos, que teve uma redução de 37%", afirma.

O diretor-geral da American Security International diz que o sistema garante a captação de 80% dos incidentes relacionados ao uso de armas de fogo, mas na prática, tem captado 95%, com precisão de até 3 m. "Ele nunca é 100% porque é baseado em sensores acústicos, então sempre pode existir alguma situação que impeça a propagação do som".

A eficácia foi colocada em dúvida em dezembro do ano passado quando um homem foi assassinado com 10 tiros no Guajuviras, sem que o sistema tivesse gerado alerta. Motta afirma que não houve falha, mas sim "má interpretação do funcionamento do sistema". "O sistema detectou esse evento. Nós capturamos o áudio da ocorrência, que foi passado à Polícia Civil, e contem elementos importantes para a investigação criminal". Segundo ele, o sistema não gerou alarme por "condições acústicas peculiares daquele incidente". "Mesmo quando não gera o alarme, que tem caráter operacional de resposta, quando o som chega ao sensor, ele é captado", garante.

Modelos para outras cidades
Os sistema implantado em Canoas, segundo Motta, já está em fase de implantação também no Rio de Janeiro, além de dois Estados do Nordeste e três do Sudeste que mostraram interesse na tecnologia. O diretor-geral da empresa diz que o valor para a implantação está relacionado com a infraestrutura e com o local e pode variar entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão por km de cobertura.

Fonte: Redação Terra
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