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Polícia

Jurista: casal Nardoni seria condenado em caso de novo júri

29 mar 2010 - 11h56
(atualizado às 12h49)
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Caso a defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá garanta a realização de um novo júri do assassinato da menina Isabella Nardoni, o resultado será o mesmo do julgamento anterior. A opinião é do jurista e professor de Direito Luiz Flávio Gomes. Em entrevista ao Jornal do Terra, Gomes afirmou que todas as provas já foram divulgadas e a realização de um novo júri acarretaria apenas em novo desgaste para os réus.

Veículo carregando um dos condenados deixa o fórum
Veículo carregando um dos condenados deixa o fórum
Foto: Raphael Falavigna / Terra

"Não sei se vale a pena ter um novo júri, do ponto de vista dos réus. É muito desgastante. (...) Seria sábia decisão da defesa caso desistisse de um novo júri", afirmou.

Em um balanço do julgamento, Gomes classificou a apresentação da linha do tempo, feita pelo promotor Francisco Cembranelli, como "decisiva" para a condenação do casal. "O promotor foi extremamente feliz, objetivo e direto quando fez a linha do tempo entre o momento em que o casal deixou o carro e o horário do segundo telefonema (de Nardoni) para o Copom (Central de Operações da Polícia Militar). O minuto a minuto foi decisivo porque demonstrou que, no momento que a vítima foi jogada ao solo, os dois (casal Nardoni) estavam no apartamento. Esta prova foi mortal, eles foram a nocaute. Ela acabou com a tese da defesa de uma terceira pessoa no apartamento", disse.

Gomes afirmou duvidar de que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá confessem o crime após a condenação. "Pela linha de defesa, acho que nunca confessarão. Confessando ou não, isso não altera o quadro. É mais um conforto psicológico individual, espiritual, mas não jurídico", disse o jurista, que argumentou que a confissão não acarretará em redução de pena.

O especialista considerou a pena aplicada ao casal condizente com o crime cometido - Nardoni foi condenado a 31 anos e um mês de prisão, enquanto Anna Carolina pegou 26 anos e oito meses. De acordo com Gomes, a pena decretada pelo juiz ocupou uma posição intermediária na punição prevista na legislação - de 16 a 40 anos de prisão.

Julgamento

O júri popular de Alexandre e Anna Jatobá durou cinco dias, de 22 a 27 de março, quando foi lida a sentença. A pena foi agravada pelo crime ter sido cometido contra menor de 14 anos, triplamente qualificado por meio cruel (asfixia mecânica e sofrimento intenso), utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima (surpresa na esganadura e lançamento inconsciente pela janela) e com o objetivo de ocultar crime cometido anteriormente (esganadura e ferimentos praticados anteriormente contra a mesma vítima). Nardoni pegou pena maior por ter matado a própria filha.

A defesa do casal, representada pelo advogado Roberto Podval, afirma que irá recorrer da decisão nesta semana e pedir um novo julgamento com base em uma lei antiga, em vigor na época do crime, que garante automaticamente um novo júri para penas maiores de 20 anos. O casal seguirá cumprindo sua pena nas penitenciárias maculina e feminina de Tremembé (a cerca de 130 km da capital paulista), onde retomará as atividades que fazia antes do julgamento e que incluem trabalho.

Homenagens

Já durante este fim de semana, o túmulo da menina recebeu visitas e homenagens da família e anônimos comovidos pela história trágica de Isabella. Mas é para amanhã, data da morte, que a administração do cemitério Parque dos Pinheiros, em Jaçanã, espera um grande número de pessoas.

A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, é uma das que deve comparecer ao local. Em entrevista neste fim de semana, ela afirmou que ainda não tem planos para este primeiro momento após a condenação do ex-namorado e de sua mulher, mas que a "justiça foi feita" e que irá "engatar a primerira marcha" para seguir com sua vida convivendo com a saudade da filha.

Fonte: Redação Terra
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