Justiça condena traficantes internacionais de armas em SP
Grupo trazia fuzis e munição dos EUA escondidos em colchões
A Justiça Federal condenou três criminosos a 18 anos de prisão cada um, além de multa, por tráfico internacional de armas de fogo de uso restrito. Vicente de Paula Viera, Marcos David Barbosa Vieira e Márcio de Souza e Silva foram denunciados em 2013 pelo Ministério Público Federal (MPF) em Santos, dias após a prisão do grupo durante a Operação Bed-Bugs da Polícia Federal.
A Procuradoria recorreu da sentença para aumentar as penas e incluir a condenação pelo crime de formação de quadrilha. Para o MPF, os três réus se associaram em quadrilha com outros dois criminosos que residem nos Estados Unidos com o objetivo de trazer armas de uso restrito para o Brasil.
Durante as investigações, os depoimentos, interceptações telefônicas e provas colhidos demonstraram que Vicente e seu filho Marcos eram responsáveis por financiar a aquisição de fuzis e munições em território norte-americano. O armamento era enviado ao Brasil dentro de colchões, que pertenciam a mudanças de brasileiros residentes no exterior, e chegava ao país através do Porto de Santos, no litoral paulista.
Em seguida, as armas eram encaminhadas à cidade mineira de Engenheiro Caldas e, posteriormente, vendidas para outros criminosos, incluindo milicianos e traficantes do Rio de Janeiro. Ações da Polícia Federal em março e agosto de 2012 apreenderam no Porto de Santos 22 fuzis, 37 carregadores e inúmeras unidades de munição trazidas pelo grupo.
Transporte em fundos falsos de veículos
O armamento era comercializado em favelas cariocas por intermédio de Márcio. Uma lista de armas adquiridas pelo esquema, obtida pelas autoridades americanas, foi encaminhada à Secretaria de Segurança do Rio, a qual constatou que parte delas foi aprendida na cidade, principalmente durante a ocupação da favela da Rocinha, em 2011. Para garantir a entrega na capital carioca, o material era transportado em fundos falsos de veículos.
Márcio chegou a ser preso em janeiro de 2012 após ser surpreendido com 12 mil munições de fuzil calibre 762 na rodovia BR-116. Ele foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais do crime de porte ilegal de munição. No entanto, as investigações demonstraram que este material também era fruto do tráfico internacional de armas promovido pelo grupo.
Também faziam parte do esquema Moisés Maia Nogueira, preso nos Estados Unidos, e Sérgio Luiz da Costa, ainda foragido, os quais cuidavam da compra do armamento em território norte-americano. Em seu depoimento, Moisés confessou a participação nas atividades investigadas e identificou os demais integrantes do grupo. Ele informou ainda que recebia US$ 15 mil por cada 12 armas adquiridas e que participou da compra de cerca de 60 fuzis. Como ambos se encontram no exterior, foi determinado o desmembramento dos processo, que tramitam em cooperação jurídica internacional.
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