Laudo aponta que empresário morto após peeling de fenol sofreu 'edema pulmonar agudo'
Informação consta em exame necroscópico elaborado pelo Instituto Médico Legal
O empresário Henrique Chagas, que morreu após passar um procedimento de peeling de fenol, sofreu uma 'parada cardiorrespiratória' causada por um 'edema pulmonar agudo' ao inalar a substância, informou o Instituto Médico Legal em laudo da Polícia Técnico-Científica. A informação é da TV Globo e foi confirmada pelo Terra.
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Chagas morreu no começo de junho passado, após passar pelo procedimento estético em uma clínica de São Paulo. Já o exame pericial ficou pronto nesta semana. O edema pulmonar agudo é uma condição de emergência médica caracterizada pelo acúmulo de líquido nos pulmões.
O caso aconteceu em 3 de junho, quando Chagas foi submetido ao tratamento no espaço Studio Natalia Becker em Campo Belo, região nobre da capital paulistana. O procedimento, considerado o mais invasivo no meio estético, remove as células do rosto para que o corpo produza novas.
O protético Marcelo Camargo, namorado da vítima, acompanhou o empresário na clínica, durante o procedimento. Ao Terra, ele contou detalhes sobre os últimos momentos de vida do companheiro: "Do nada, ele apertou o meu braço, arregalou o olho, já travou a respiração, ficou sufocado e apagou".
De acordo com o exame necroscópico, foi constatada a 'presença da substância química fenol na análise do fragmento de pele e tecido estuados em dose qualitativa'. O laudo apontou, também, que Chagas teve lesões internas na 'boca, epiglote, laringe, traqueia e pulmões'. As alterações causaram 'danos na função respiratória'.
Ainda segundo o documento, as feridas e cortes, causados pelo procedimento, no rosto de Henrique podem ter facilitado a absorção do produto.
Procedimento invasivo
A morte de Henrique Chagas levantou uma série de dúvidas sobre a segurança do procedimento descrito como peeling de fenol. De acordo com o médico Felipe Ribeiro, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o tratamento é seguro quando feito sob as circunstâncias corretas.
De acordo com Ribeiro, entre os procedimentos estéticos, o peeling de fenol é o mais invasivo, atingindo a derme reticular, a camada mais profunda da pele. No entanto, o médico afirma que o peeling é extremamente seguro, realizado tanto para tratamento estético quanto de doenças.
"É um líquido aplicado no rosto que gera um processo inflamatório e 'arranca' as células, obrigando o corpo a produzir novas células. É bem tolerado e seguro. A Sociedade Brasileira de Dermatologia e a Sociedade Internacional de Peeling revisam, todos os anos, as regras de boas práticas do procedimento", afirma Ribeiro.
O dermatologista reitera que, apesar da segurança, há necessidade de que o procedimento seja realizado por médicos. "Existe todo um protocolo que é pedido para todos os pacientes, como eletrocardiograma, exames de urina e sangue. Há, depois, uma segunda consulta onde checamos os exames e se há alguma contraindicação".
"Se a regra for seguida, não há relato de morte. No passado, esse procedimento era realizado por biomédicos, cabeleireiras, em casa ou em salões. Desde a regulamentação, o último caso de morte foi em 2007", explicou.
O especialista explicou que, no procedimento, o ácido passa pelas camadas da pele até chegar à derme, onde há vasos sanguíneos. Dessa forma, o fenol chega a órgãos como o coração, rins e fígado, responsáveis por filtrar a segurança. "Quando algum desses órgãos não está íntegro, acontecem os problemas".
"A parada cardíaca é rara. A arritima acontece em 7% dos pacientes que fazem o fenol, depois de 20 segundos da aplicação. Pode haver uma alteração cardíaca, mas a gente é preparado para reverter, não é uma complicação inesperada. Quanto aos rins e fígado, já sabemos que o paciente não tem problemas porque pedimos exames precocemente", apontou Ribeiro.