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Polícia

Laudo de exame de voz reforça provas do caso Amarildo

Evidência mostra que um dos soldados denunciados ligou para outro policial se passando por um criminoso na intenção de atribuir ao tráfico de drogas o desaparecimento do pedreiro

1 set 2014 - 20h28
(atualizado às 20h28)
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Um laudo de exame de voz do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), anexado ao processo na última sexta-feira, 29, reforça as provas apresentadas até o momento pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, torturado e morto em 14 de julho de 2013 por policiais da UPP da Rocinha.

O resultado, assim como o parecer técnico realizado pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MPRJ, identifica como sendo de um dos denunciados, o soldado Marlon Campos Reis, a voz do homem que ligou para outro policial fingindo ser o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau (na intenção de atribuir ao tráfico de drogas a resposabilidade pelo “sumiço” de Amarildo). Na ligação, Marlon faz supostas ameaças e diz que já “botou o Boi (apelido de Amarildo) na sua conta”.

Marlon sabia que sua ligação estava sendo monitorada, por ordem judicial, porque fez ligação para um celular de outro policial que sabia estar grampeado na chamada Operação Paz Armada. Mas a versão inicial de que a voz seria do traficante foi logo descartada por um laudo da Polícia Civil.

Em seguida, nova análise feita pela Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT) da CSI, comparando a voz dos 34 PMs citados no processo, descobriu que o soldado Marlon foi o autor da ligação, acompanhado do soldado Vital. Com o telefone monitorado, eles foram a Higienópolis fazer a ligação. A interceptação dos celulares particulares dos dois também identificou que eles estavam na mesma Estação de Rádio Base da ligação.

O recente laudo do ICCE aponta importantes convergências com a análise anterior da DEDIT, como quando Marlon pronuncia a palavra “nove”, apontando total identificação na comparação de vozes. A perícia diz também que, na análise comparativa, “foram observadas nestas características vocais alguns elementos de convergência entre as amostras de voz do locutor questionado e a voz suspeita” e ainda que “a análise da fala questionada indicava a possibilidade de disfarce da voz do falante”.

Segundo o laudo do ICCE, “os exames periciais foram realizados através de comparações perceptuais fundamentais nas características linguísticas e sociolinguísticas, bem como de outros elementos informativos obtidos a partir dos áudios questionados e a relação destes com o réu".

O processo do caso Amarildo, que tramita na 35ª Vara Criminal, irá ingressar na fase de alegações finais. Em outubro de 2013, a Justiça recebeu a denúncia do MPRJ contra 25 policiais por tortura, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual. 

Fonte: Terra
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