Laudo diz que Alexandre Nardoni tem 'ótimo comportamento' e não há contraindicação psiquiátrica para cumprir pena em regime aberto
Laudo emitido por três profissionais traz análises sobre questões específicas do comportamento de Nardoni
Alexandre Nardoni, condenado pelo assassinato da filha Isabella Nardoni em 2008, passou pelo exame criminológico após o pedido de progressão para o regime aberto feito pela defesa dele. Um laudo emitido por três profissionais – uma assistente social, uma psicóloga e um psiquiatra – traz análises sobre questões específicas do comportamento de Nardoni. O documento foi obtido pelo g1.
De acordo com o site, um dos questionamentos feitos ao detento foi sobre o crime pelo qual ele foi condenado. A psicóloga apontou que ele "demonstra ter consciência da gravidade da acusação, porém, não é possível abordar o sentimento de arrependimento, visto que o apenado permanece negando a autoria do delito pelo qual está condenado. Ainda assim, informa que buscou cumprir a sentença da melhor forma possível, através de atividades laborterápicas, pedagógicas e intelectuais".
O psiquiatra também escreveu que Nardoni nega a autoria: "Afirma que ele e esposa seguem tentando provar inocência, contrataram peritos independentes para buscar opiniões divergentes em relação às lesões encontradas na filha por discordar do laudo do IML. [...] Como não assume autoria, não há que se falar em arrependimento. Frente à ponderação de que o crime provocou grande comoção popular, afirma não saber exatamente o motivo para isso."
Outra parte do laudo, segundo o site, avalia a personalidade de Nardoni. Conforme a psicóloga, ele "se apresenta calmo, possui bom contato interpessoal, discurso verbal coerente. No momento, tende a ser disciplinado, demonstra estar consciente de suas capacidades e limitações. Apresenta nível intelectual dentro da média desta população carcerária. Pensamento em curso normal, com conteúdo lógico e concreto. No momento, em relação à saúde física, apresenta hipertensão e problemas vasculares. Possui boa saúde mental, demonstrando capacidade para criar e manter vínculos afetivos. Recebe conexão familiar e visitas de seu pai semanalmente".
A assistente social registrou ainda que ele "no cotidiano prisional, procura manter-se em atividade laborterápica" e que sobre o encarceramento, "reflete que tem sido um processo doloroso, mas de aprendizado contínuo".
Na conclusão do laudo, a assistente social disse que a postura de Nardoni "se mantém inalterada frente às regras institucionais" e pontuou que ele mantém "ótimo comportamento junto ao corpo funcional e colegas de cárcere".
O psiquiatra, por sua vez, apontou que "não [foi] identificado transtorno mental" e que o exame psíquico "exibe elementos, porém, incompletos, para o diagnóstico de transtorno de personalidade". Portanto, "não há contraindicação psiquiátrica, neste momento, para progressão de regime penal".
Ainda no laudo, a psicóloga não escreveu nada relacionado a uma conclusão e a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que o preso tem ótimo comportamento carcerário.
Alexandre Nardoni entrou com pedido para ir ao regime aberto no dia 8 de abril, mas ainda não há prazo para julgamento. Ele foi condenado a 31 anos de prisão pelo assassinato da filha, mas reduziu sua pena em 2 anos e 9 meses por trabalhos realizados no sistema prisional. Atualmente, ele está em regime semiaberto.
Em 29 março de 2008, Alexandre jogou a filha Isabella, de 5 anos, da janela do 6º andar do prédio onde morava, na zona norte de São Paulo. Além dele, Anna Carolina Jatobá, sua então esposa, foi condenada pelo crime que causou grande comoção nacional.
Nardoni foi preso em 2008 e, desde 2019, cumpre pena no regime semiaberto na penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé (SP). Já sua ex-mulher, Anna Carolina, cumpre pena em regime aberto desde junho de 2023.
Ao Terra, o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que se manifestou contra a soltura anteriormente, informou que já recebeu o exame criminológico e que o documento está sendo analisado.
A reportagem também solicitou um posicionamento à defesa de Nardoni sobre o laudo. Em caso de retorno, o texto será atualizado.