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Polícia

Lutador que matou hóspede seria levado ao médico, diz irmã

Familiares disseram que ele apresentava comportamento estranho dias antes do incidente que terminou em tragédia

22 abr 2015 - 09h25
(atualizado às 09h26)
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Lutador de jiu-jitsu, Rafael Martinelli Queiroz espancou um hóspede em um hotel sem motivo aparente
Lutador de jiu-jitsu, Rafael Martinelli Queiroz espancou um hóspede em um hotel sem motivo aparente
Foto: Reprodução

A família do lutador Rafael Martinelli Queiroz pretendia levá-lo para atendimento médico na segunda-feira, quando retornasse de Campo Grande, onde participaria de uma competição. É que Rafael já apresentava mudanças de comportamento dias antes de espancar e matar o engenheiro elétrico Paulo César de Oliveira em um hotel de Campo Grande, na noite de sábado. Familiares e a namorada de Rafael afirmam que o rapaz, que fazia uso de remédios controlados para depressão e emagrecimento, teve um surto psicótico que pode tê-lo levado a cometer o crime.

Rafael deve ser submetido nesta quarta-feira (23), a uma avaliação de um psiquiatra, a pedido dos advogados de defesa. “Em todas as ocasiões que falamos com ele, percebemos que ele não está normal. Ele sequer sabe o crime que cometeu, não tem noção da realidade”, afirmou o advogado Darguin Vilhalba Júnior. Segundo o advogado, a principal preocupação é com a saúde do lutador. “Precisamos saber qual a situação dele para que possamos fazer a defesa do caso”, afirmou.

“Eu e minha mãe conversamos e decidimos que o levaríamos para o médico rever o regime alimentar que ele está fazendo e fazer uma avaliação do estado mental dele (Rafael)”, contou a irmã de Rafael, Glauce Martinelli Queiroz Bonatto.

“Ele estava estranho, chorava em casa, chorava no trabalho, passou a ter excesso nos carinhos com meus pais e dizia coisas sem nexo. Ficamos preocupadas, mas achávamos que era melhor esperar para depois da competição, porém, não deu tempo”, contou, emocionada. “Meu irmão não é um monstro, como muitos estão imaginando, quem o conhece sabe que ele é uma pessoa boa, carinhosa”, afirmou aos prantos.

Glauce diz que a mudança de comportamento de Rafael foi percebida dias antes por amigos da agência de turismo de Araçatuba na qual ele trabalha. “Depois do ocorrido com meu irmão, amigos do trabalho nos ligaram contando que nos últimos dias Rafael fazia rabiscos nos papéis e dava aos colegas para ‘concluir os projetos’ e que foi pego chorando algumas vezes na agência”. Rafael vivia um momento de estresse – o pai acabara de perder a visão e ele então se mudara de Araçatuba para a casa da família, em Valparaíso.

Segundo Glauce, o irmão iria pedir aos vencedores da competição que doassem o prêmio em dinheiro para um colega lutador de jiu-jitsu de Araçatuba, cujo filho de cinco meses está internado e precisa de R$ 100 mil para fazer uma cirurgia de coração. “Ele estava muito preocupado com isso, já tinha conseguido a internação da criança, mas faltava o dinheiro da cirurgia e então queria propor aos campeões que fizessem a doação”, contou Glauce.

Conversa antes do crime

A irmã revelou que 15 minutos antes da confusão no hotel, ele chegou a falar com os pais por telefone. “Mas ele dizia somente: ‘vocês estão me entendendo, vocês me entendem? ’. A gente perguntava: ‘entende o quê? ’. Mas ele não respondia e falava palavras desconexas”, contou Glauce, que depois falou com a namorada e pediu que ela acalmasse o irmão. Carla explicou que o rapaz chorava muito durante a viagem

<p>O lutador de jiu-jitsu Rafael Martinelli Queiroz surtou em um hotel de Campo Grande</p>
O lutador de jiu-jitsu Rafael Martinelli Queiroz surtou em um hotel de Campo Grande
Foto: Reprodução

O estado psicológico abalado do rapaz também foi presenciado pelo presidente da Federação de Jiu-Jitsu Desportivo do Mato Grosso do Sul, Fábio Rocha, que se encontrou com Rafael e a namorada antes da competição. Segundo ele, o rapaz estava muito nervoso e ele então recomendou que o casal fosse ao hotel e que o lutador descansasse antes de participar das competições.

No entanto, segundo a namorada de Rafael, Carla Dias, ao entrar no hotel, a situação piorou. “Ele começou a ter um comportamento estranho, falava sozinho e dizia que todos haviam armado contra ele, mas que ia dar um jeito. Olhava para o nada e se questionava se aquilo era real ou não”, conta Carla, que chegou a falar com Glauce pelo telefone e tentou acalmar o namorado. “A crise só piorava... ele teve momentos de silêncio em outros tremia de raiva, sempre dizendo frases desconexas”.

Ela disse que tentou acalmar o namorado, mas que, de repente, ele teve um ataque e passou a agredi-la; ela conseguiu fugir e descer para a recepção, enquanto ouvia barulhos de tudo se quebrando no segundo andar, onde estavam hospedados. Em seguida, Rafael desceu e foi até o local onde se realizavam as competições. “Ele chegou de short, sem camisa, com sangue nas mãos e no short e procurando uma pessoa que não sabia quem era”, contou Fábio Rocha, que orientou o rapaz para retornar ao hotel.

Ao chegar ao hotel, Rafael foi detido por policiais. Ao subirem para verificar o que tinha ocorrido, polícia e funcionários do hotel encontraram Oliveira morto. Para o delegado Tiago Macedo dos Santos, que atendeu a ocorrência, o rapaz estava transtornado e poderia matar qualquer pessoa. Para ele, o engenheiro elétrico “morreu de graça”.

Fonte: Especial para Terra
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