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Polícia

MA: Tropa de Choque é acionada para conter rebelião em Pedrinhas

16 jan 2014 - 15h08
(atualizado às 17h38)
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<p>Agentes da For&ccedil;a Nacional e homens da Tropa de Choque da PM do Maranh&atilde;o entraram pouco antes das 14h desta quinta-feira em uma das unidades do Complexo Penitenci&aacute;rio de Pedrinhas para conter um princ&iacute;pio de rebeli&atilde;o</p>
Agentes da Força Nacional e homens da Tropa de Choque da PM do Maranhão entraram pouco antes das 14h desta quinta-feira em uma das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas para conter um princípio de rebelião
Foto: Janaina Garcia / Terra

Policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) do Maranhão entraram pouco antes das 14h desta quinta-feira em uma das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas para conter um princípio de rebelião.

Do lado de fora de Pedrinhas, as mulheres de dois detentos afirmaram ao Terra que ouviram, por volta das 13h30, barulhos de tiros e bombas. "Ouvi vários tiros, não deu nem para contar quantos foram. Teve barulho de bombas também", disse uma delas, sem se identificar. “Pelo que ouvi, no mínimo cinco tiros e muitas, muitas, bombas. O pior é que sequer nos dão informações sobre como nossos maridos estão: não sabemos se estão vivos ou não", relatou, também sob anonimato, outra mulher de um preso. 

Segundo funcionários do presídio, a rebelião estaria ocorrendo Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), uma das oito unidades prisionais do complexo. Do lado de fora, funcionários de uma obra em outra unidade disseram ao Terra, sob condição de anonimato, que agentes da penitenciária ordenaram que eles deixassem o local. Apreensivos, familiares dos detentos reclamaram da falta de informações e da impossibilidade de acesso à área.

Pouco antes da entrada dos PMs da Tropa de Choque, era possível ouvir gritos vindos do CCPJ. Na última semana, Pedrinhas se tornou o centro de uma das maiores crises de segurança pelas quais já passou o Estado do Maranhão.

Entidades de diretos humanos afirmam que presos têm sofrido torturas desde a entrada da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Militar no local, no final do ano passado. De dentro da cadeia, segundo o governo do Maranhão, teriam partido ordens de ataques em São Luís, comandados por facções infiltradas no complexo.

Além dos homens da Tropa de Choque, agentes da Força Nacional de Segurança, armados e com escudos, se posicionaram para entrar no complexo penitenciário.  Ao menos sete viaturas foram colocadas do lado de fora do presídio.

O major Alexandre, da PM do Maranhão, comandante da operação, negou à reportagem que esteja havendo rebelião na unidade. "É só uma revista preventiva, mas os presos acabam ficando mais exaltados e gritam, é normal", refutou. Sobre o fato de o Choque ter entrado batendo em escudos, o policial justificou: "é só um efeito intimidador para evitarmos contratempos." 

A Secretaria de Estado de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) maranhense afirmou, em nota, que homens da Policia Militar e do Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Geop) contiveram um “princípio de tumulto de detentos”, no bloco A de Pedrinhas. 

Onda de violência gera mortes dentro e fora de presídio no MA

Violência no Maranhão

O Estado do Maranhão enfrenta uma crise dentro e fora do sistema carcerário que tem como principal foco o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 59 detentos foram mortos no presídio somente em 2013, o que revelou uma falta de controle no local.

No dia 3 de janeiro, uma onda de ataques a ônibus em São Luís mobilizou a Polícia Militar nas ruas da capital maranhense e dentro do presídio, já que as investigações apontam que as ordens dos atentados partiram de Pedrinhas.

Nos ataques do dia 3, quatro ônibus foram incendiados e cinco pessoas ficaram feridas, incluindo a menina Ana Clara Santos Sousa, 6 anos, que morreu no hospital alguns dias depois, com 95% do corpo queimado.

A questão dos problemas no sistema prisional maranhense ganhou mais destaque no dia 7 de janeiro, quando o jornal Folha de S. Paulo divulgou um vídeo gravado em dezembro, onde presos celebram as mortes de rivais dentro do complexos. Após essas imagem de presos decapitados serem divulgadas, o governo Roseana Sarney passou a ser pressionado pela Organização das Nações Unidas, pela Anistia Internacional, pelo CNJ e até pela Presidência da República.

No dia 10 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff divulgou pelo Twitter que “acompanha com atenção” a questão de segurança no Maranhão. O Governo Federal passou a oferecer vagas em presídios federais, ao mesmo tempo em que a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) visitou o complexo de Pedrinhas.

No dia 14 de janeiro, um grupo de advogados militantes na defesa dos direitos humanos protocolou na Assembleia Legislativa do Maranhão um pedido de impeachment contra a governadora Roseana Sarney. Segundo o grupo, composto por nove advogados de São Paulo e três do Maranhão, a governadora incorreu em crime de responsabilidade porque não teria tomado providências capazes de impedir a onda de violência que deixou mortos e feridos dentro e fora do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, desde o início do ano.

Em 16 de janeiro, o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo (PMDB), decidiu arquivar o pedido de impeachment após parecer técnico da assessoria jurídica da Casa. O arquivamento do processo foi feito sob a justificativa de que o pedido "é inepto e não tem condições de ser conhecido".

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Fonte: Terra
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