Mãe que deixou bebê morrer de fome e sede é indiciada em GO
“Faltou cuidados básicos de saúde para a bebezinha. Ela estava muito mal cuidada”, disse um perito do IML
A Polícia Civil de Goiás indiciou uma mulher de 25 anos que teria deixado a filha de apenas 8 meses de idade morrer de fome e sede. Desde o último dia 25, a mãe está presa preventivamente em Goianésia (a 198 Km de Goiânia), até o inquérito sobre a morte da criança ser concluído. O laudo do Instituto Médico Legal apontou que o corpo da criança – que morreu no dia 21 de setembro – mostrava sinais de desnutrição e desidratação, o que teria sido a causa da morte.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Poliana Bergamo, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Goianésia, a moça – que não teve o nome nem o endereço divulgado para evitar represálias – morava sozinha no Entorno do DF, e tinha a companhia da bebê e de seu outro filho, um menino de quatro anos. O pai da menina pagava uma pensão de R$ 200, mas não tinha muito contato com a criança.
No último dia 20, a acusada veio para Goianésia para participar do velório de um parente. A menina estava passando muito mal e a mãe relatou aos familiares que já tinha quatro dias que a criança apresentava febre, vômito e diarréia, mas não havia sido levada ao médico ainda. Os parentes levaram a menina ao Hospital Municipal no dia seguinte, mas o bebê não resistiu e morreu.
“A médica, para liberar o corpo, constatou no exame uma fissura no ânus da bebê. A primeira suspeita, descartada depois, foi abuso sexual. Depois verificou-se que a ferida era decorrente de desnutrição, que causa ressecamento”, explicou a delegada.
Segundo a delegada, o perito do IML afirmou que a morte do bebê foi causada pelos maus tratos da mãe. “Faltou cuidados básicos de saúde para a bebezinha. Ela estava muito mal cuidada”, disse. A mãe, em depoimento, negou maus tratos e negligência. Disse que alimentava a criança e que a menina estava magrinha devido ao biotipo dela.
Porém, segundo a investigação da polícia, há indícios que a acusada – que seria viciada em drogas e bebidas – realmente descuidava da criança. “Mesmo ela alegando que alimentava a filha, não era o que parecia. A menina tinha oito meses, deveria pesar pelo menos 10 quilos, segundo a pediatra que nós ouvimos. Ela estava apenas com 5 quilos”, disse a delegada Poliana.
Segundo a delegada, falta ouvir algumas testemunhas para concluir o inquérito – em especial, parentes da mãe –, e agregar mais provas. No entanto, já há pelo menos o depoimento de uma tia da acusada que comprovaria, além dos indícios colhidos no laudo do IML, que a mãe descuidava da criança. “A mãe joga a culpa em uma suposta babá que teria ficado com a criança uma semana antes da morte da menina. Mas a tia da acusada afirma que se trata apenas de uma senhora vizinha que ajudou a cuidar da criança, que estava em estado deplorável, durante esta semana”, afirma a delegada.
A delegada informou que vai verificar todos os fatos, mas acrescenta que a mãe demonstrou frieza na morte da filha e também durante o depoimento. “Ela é uma pessoa fria, no momento da morte da filha não chorou, não manifestou nenhum tipo de sentimento”, disse, repassando informações do médico que atendeu o bebê. “Foi um crime cruel”, acredita. Segundo a Polícia Civil, a mãe deve ser autuada por homicídio qualificado por omissão a título de dolo eventual. Se condenada, a acusada pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.