Mãe sabia que filha de 2 anos já estava morta e a levou à UPA apenas horas depois, diz polícia
Inquérito foi concluído e apontou que mãe e padrasto de Sophia trocaram mensagens tentando combinar uma versão que os eximissem de culpa
A Polícia Civil conclui o inquérito da morte de Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, e apontou que a criança morreu entre 9h e 10h do dia 26 de janeiro, porém, só foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) pela mãe por volta das 17h daquele dia. Stephanie de Jesus Da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto da vítima, estão presos suspeitos pelo crime.
A delegada titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Anne Karine Trevisan, afirmou, durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 6, que o inquérito da morte de Sophia foi relatado na última sexta-feira, 3, e encaminhado ao Poder Judiciário dentro do prazo legal previsto no Código de Processo Penal, que é de 10 dias, em caso de réu preso.
Segundo a delegada, no dia da morte da Sophia, a Polícia Civil foi acionada pela equipe médica que a atendeu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e de imediato uma equipe do Grupo de Operações e Investigações (GOI) foi até o local.
No local, os policiais conversaram com os profissionais da unidade de saúde, que disseram que desconfiavam de que a menina estivesse morta há pelo menos 4 horas, relatando ainda que a mãe demonstrou certa frieza e só se desesperou quando foi avisada de que a polícia tinha sido acionada.
Os policiais civis conversaram com a mãe e em seguida foram até a casa onde a menina morava com ela e com o padrasto, na Vila Nasser. No local, Christian dsse que já estava esperando pela polícia.
Tanto a mãe quanto o padrasto de Sophia foram presos em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e estupro de vulnerável. Os dois foram encaminhados para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC).
Após o registro da ocorrência, o caso foi encaminhado para a DEPCA, que ouviu testemunhas e coletou provas que reforçaram a prática de crime por parte de Stephanie e Christian.
Na delegacia, o padrasto se reservou ao direito de ficar calado e falar somente em juízo. Já a mãe disse que a "criança tinha passado mal e que estava com a barriga inchada porque tinha comido muita maionese". Ela afirmou ainda que já tinha batido na filha algumas vezes, mas de forma corretiva e alegou que nunca houve um espancamento.
No entanto, o exame necroscópico em Sophia e o laudo apontaram que a menina teve traumatismo raquimedular em coluna cervical e constatou que ela estava com hímen rompido, por violência sexual não recente.
Durante os trabalhos investigativos, a DEPCA apreendeu um computador e dois telefones celulares pertencentes aos suspeitos. Em seguida, foi representada pela quebra do sigilo telemático, que foi autorizado pelo Poder Judiciário.
Tanto o computador apreendido quando os dois telefones celulares foram encaminhados para perícia. Além disso, na autópsia, foi coletado material genético da genital da vítima, que também será periciado.
Conforme a Delegada Anne Karine, foi constatada trocas de mensagens entre a mãe e o padrasto da vítima, mostrando que eles tentaram criar uma versão para o motivo da morte da menina, que os eximissem de culpa.
Em uma das conversas, o padrasto de Sophia pedia para a mãe dela dizer que a menina tinha caído no parquinho e, posteriormente, sugeriu que ela falasse a verdade, porém, afirmou que assim que ela contasse ele se mataria.
A delegada explicou que mesmo que o inquérito policial tenha sido relatado e encaminhado ao Poder Judiciário, a Polícia Civil ainda aguarda os laudos de local, dos materiais apreendidos e do DNA coletado.
“Esses documentos serão de suma importância para explicar toda a dinâmica dos fatos, já que nem a mãe e nem o padrasto contaram como se deu a morte de Sophia, que, segundo o laudo necroscópico, teria morrido entre às 9 e 10 horas do dia 26 de janeiro, tendo dado entrada na UPA por volta das 17 horas”, reforçou Anne Karine.