Mais de 20 dias após morte de passageiro em estação de trem, seis seguranças são demitidos
Um agente de segurança, de 37 anos, foi preso temporariamente pelo crime e outros três suspeitos prestaram depoimento à Polícia Civil
A concessionária ViaMobilidade informou ao Terra que desligou seis agentes de segurança envolvidos na abordagem que levou à morte de Jadson Pires em 11 de novembro, na estação de trem de Carapicuíba, na Linha 8-Diamante, em São Paulo. As demissões ocorreram mais de 20 dias após a ocorrência.
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Segundo a ViaMobilidade, as demissões foram realizadas com base no resultado de uma sindicância interna, concluída após a liberação do laudo pericial do Instituto Médico Legal (IML), ocorrida nesta quarta-feira, 4. A empresa informou que os agentes estavam afastados de suas funções desde o dia da ocorrência.
"A investigação interna concluiu que a atuação dos profissionais descumpriu o código de conduta, os protocolos de atendimento e treinamentos recebidos da companhia", declarou a ViaMobilidade.
A nota também informou que a empresa iniciou um processo de reciclagem de todo o seu quadro de agentes e intensificará a capacitação voltada ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob efeito de substâncias entorpecentes.
"Adicionalmente, foi aumentado o rigor das medidas disciplinares e instaurada a obrigatoriedade de justificativa formal sempre que houver a necessidade de uso da força no exercício das atividades. A concessionária repudia qualquer forma de violência e expressa mais uma vez suas sinceras condolências à família de Jadson, com quem está em contato e ofereceu assistência em diversas ocasiões desde que ele foi identificado", concluiu o comunicado.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, um agente de segurança, de 37 anos, foi preso temporariamente pelo crime. Outros três suspeitos prestaram depoimento nesta quarta-feira e continuam sob investigação. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) foi enviado à autoridade policial e anexado ao inquérito. As investigações seguem em andamento pelo 1º Distrito Policial de Carapicuíba para esclarecer os fatos.
Um dos suspeitos identificados é guarda civil municipal de Itapevi. Em nota ao Terra, a Prefeitura de Itapevi informou que, embora ainda não tenha recebido notificação oficial da Polícia Civil sobre a identificação do guarda, tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e apurou a possível participação de dois agentes, em horário de folga, nos fatos relatados.
Diante disso, foi instaurado um processo administrativo para averiguar as circunstâncias, e o agente foi preventivamente suspenso de suas atividades até a conclusão das apurações. A administração municipal afirmou que, caso sejam comprovadas irregularidades, os envolvidos serão devidamente responsabilizados.
"Reiteramos que esta administração não compactua com atitudes que violem os direitos humanos e que qualquer conduta inadequada de agentes, ainda que fora do horário de trabalho, está sujeita às sanções cabíveis", acrescentou a prefeitura.
Relembre o caso
Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que o Jadson foi imobilizado e agredido por agentes da ViaMobilidade, concessionária responsável pela linha.
O crime ocorreu em 11 de novembro, mas só agora o vídeo que mostra a ação passou a circular nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver que a vítima estava desorientada enquanto tentava ultrapassar a catraca que dá acesso à linha do trem. Ele acaba sendo imobilizado pelos agentes e fica inconsciente após ser agredido.
O Instituto Médico Legal (IML) concluiu que Jadson morreu por asfixia mecânica em decorrência de esganadura. O documento também mostrou que o homem estava com as costelas do lado direito do tórax quebradas e apresentava escoriações no antebraço direito, mão direita e nos joelhos.