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Polícia

Manifestantes detidos no Rio fazem exame de corpo de delito

16 out 2013 - 17h31
(atualizado às 17h34)
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<p>Por nota, a Polícia Militar (PM) informou que foram conduzidos às delegacias mais de 180 pessoas</p>
Por nota, a Polícia Militar (PM) informou que foram conduzidos às delegacias mais de 180 pessoas
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Manifestantes detidos durante protesto no Rio de Janeiro estão sendo encaminhados durante toda esta quarta-feira ao Instituto Médico-Legal (IML), no centro da cidade, para fazer exame de corpo de delito. Os jovens foram detidos ontem.

O professor da rede pública e estudante de Direção Teatral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Deo Luíz, 25 anos, nega que tenha participado de atos de vandalismo. "Meu trajeto é seríssimo, é com a educação. (A detenção) é uma mentira, uma fraude, e vai se comprovar", disse. "Estava limpando a Câmara Municipal quando fui preso", disse.

O repórter fotográfico de uma mídia independente Ruy Barros, 23 anos, detido pela primeira vez, disse que foi acusado de ter provocado incêndio, roubo e crime à segurança nacional. "Estávamos na escadaria da Câmara, quando o Choque (Tropa de Choque da Polícia Militar) invadiu, junto com os alfa numéricos, e fizeram uma barreira e um cordão fechando a escadaria para que ninguém saísse. Enquadraram umas 200 pessoas e mandaram a gente para a delegacia da Ilha do Governador e estamos lá desde meia-noite", afirmou.

Isabel Lucena criticou o fato de o filho Diego Lucena, estudante de Propaganda e Marketing, 25 anos, ter sido colocado em um camburão algemado depois de ter feito o exame de corpo de delito.

"Ele nunca havia ido a uma manifestação. Estava com amigos sentado na escadaria da Câmara gritando palavras de ordem, sem nenhuma pedra, um pau, nada. E agora me falaram que vão mandá-lo para um presídio em Guaxindiba (região metropolitana), que talvez fique lá quatro dias. Não sei o que fazer", disse.

A assessoria da Polícia Civil informou que ainda está apurando o número de presos e os crimes cometidos. Também por nota, a Polícia Militar (PM) informou que foram conduzidos às delegacias mais de 180 pessoas. A PM disse que, por volta das 23h, pessoas que estavam agredindo policiais militares se dirigiram para a escadaria da Câmara dos Vereadores.

"Os PMs realizaram um cerco à Câmara detendo todas as pessoas que se encontravam nas escadarias", diz a nota. "Cinco ônibus com detidos, inclusive menores, foram encaminhados para as seguintes delegacias: 12ª, 17ª, 19ª, 22ª, 25ª, 29ª e 37ª DP", informou.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritiba,

SalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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