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Polícia

Maré: pichações em muros traduzem anos de domínio do tráfico

30 mar 2014 - 17h06
(atualizado às 17h09)
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Não que seja diferente em outras favelas, mas ao percorrer algumas das várias vielas que compõem as 15 comunidades do complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, e ocupadas pelas forças de segurança do Estado neste domingo, é ainda mais do que claro as décadas de domínio do tráfico de drogas não apenas na apreensão e receio dos moradores. Basta olhar para as casas, para os muros e para as pichações ao longo de praticamente todo os 4,3 quilômetros quadrados que formam o antigo reduto do crime organizado. 

A certeza vem das frases e dos recados ameaçadores que você lê, em bom ou mau português, em paredes de casa, e até no muro da Vila Olímpica da Maré, local onde funciona um projeto social da Prefeitura. “UPP é o car..., morre Polícia”, dizia um dos recados em spray preto. 

A chegada de mais de 1 mil policiais no primeiro passo para a ocupação das tropas do Exército, antes da instalação efetiva das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), já era sentida e falada nas comunidades há muito tempo. Tanto que a frase acima é a mais comum de se encontrar pelos becos. 

“Cansei de contar de tantas”, disse um morador que não quis se identificar. “Está vendo aquela ali? É bem comum também quando um traficante morre pela polícia de eles renderem esse tipo de homenagem”, afirmou ainda, apontando para um muro que tinha os dizeres: “saudades do Bacuri”. 

Logo depois, outra pichação lamentava a morte de outro possível criminoso local. “Lincoln, saudades eternas”, dizia. Nas localidades onde funcionavam as chamadas “bocas de fumo”, mais pichações, desta vez com um recado direto: “proibido insufilme, abaixar o vidro do carro”. 

“Vida alusinante”, dizia ainda um outro recado de muro, típico dos que escolhem a vida do crime. Por fim, por mais que os recados sejam ameaçadores e deem a ideia exata da precária condição de vida dos mais de 130 mil moradores da região, também sobra espaço para o bom humor e, claro, para a esperança. 

Numa barbearia na comunidade Nova Holanda, uma das mais perigosas da Maré, em tinta preta, os dizeres: “entra feio e, vai saber como vai sair...”. Bem próximo a este local, no Parque União, a força de vontade de quem busca uma outra opção de vida numa pintura de parede: “não temos que destruir nossos sonhos, temos que destruir os obstáculos que nos impedem de realizá-los”. 

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/brasil/upps-sob-ataques/" href="http://noticias.terra.com.br/brasil/upps-sob-ataques/">veja o infográfico</a>
Fonte: Terra
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