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Polícia

Menina de 2 anos é levada morta e com sinais de estupro à UPA; mãe e padrasto foram presos

Prontuário médico aponta que Sophia de Jesus Ocampo esteve na unidade de saúde quase 30 vezes, uma delas por ter fraturado a tíbia

3 fev 2023 - 15h09
(atualizado em 8/2/2023 às 12h16)
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Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, foi levada morta pela mãe a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, foi levada morta pela mãe a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
Foto: Reprodução/Instagram:@igordeandradee

A pequena Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, foi levada morta pela mãe a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, no dia 26 de janeiro. Segundo a Polícia Civil, a criança apresentava sinais de estupro e espancamento. Stephanie de Jesus Da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto da vítima, estão presos suspeitos pelo crime. 

Nos últimos meses, o pai biológico de Sophia tentava a guarda da filha. Ele registrou boletins de ocorrência e fez denúncias ao Conselho Tutelar sobre os maus-tratos que a menina sofria. A polícia também identificou que a vítima foi atendida na unidade pública de saúde mais de 30 vezes. 

O crime

A Polícia Civil informou ao Terra que prendeu, na noite do dia 26, a mãe e o padrasto de Sophia suspeitos pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil e estupro de vulnerável. 

Uma equipe do Grupo de Operações e Investigações (GOI) foi acionada pelo Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOPS) e informada que a criança deu entrada na UPA Coronel Antonino com vários hematomas pelo corpo e já sem vida.

Ao chegarem na unidade de atendimento, os agentes foram informados pela médica pediatra plantonista que a mãe foi com a menina até a UPA de Uber e que, apesar de ver a filha desacordada, aparentava estar tranquila.

Padrasto e mãe foram presos pela morte de Sophia, de apenas 2 anos
Padrasto e mãe foram presos pela morte de Sophia, de apenas 2 anos
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Segundo a profissional de saúde, mesmo após ser comunicada sobre a morte da filha, a mãe continuou tranquila e só teria apresentado nervosismo quando foi informada de que seria necessário acionar a polícia para ir até o local.

As médicas disseram que a menina teria falecido quatro horas antes de dar entrada na unidade de saúde e que o ânus da vítima estava maior do que o normal e expelia algum tipo de secreção. Segundo consta no prontuário médico, a criança tinha quase 30 entradas no hospital, uma delas por ter fraturado a tíbia.

A guarnição da Polícia Militar estava com Stephanie em uma sala no UPA e acompanhou ela até a delegacia como testemunha, enquanto a equipe do GOI realizou diligências para localizar o padrasto da vítima, o encontrando na residência do casal, no bairro Vila Nasser.

Os dois suspeitos afirmaram à polícia que a criança chegou com vida na UPA, mas confessaram que agrediram a menina uns três dias antes da morte dela, com tapas nas costas. Segundo os investigadores, mãe e padrasto já tinham, inclusive, combinado a história que iriam falar a respeito dos hematomas da criança.

Em seguida, a mãe de Sophia alegou que o padrasto desferia tapas e socos quando agredia a menina e que ela já estava desconfiando dos abusos sexuais. Os dois foram presos em flagrante. 

Denúncias

Em entrevista ao Diário Digital, Jean Carlos Ocampo, pai biológico de Sophia, afirmou que, junto com seu companheiro Igor de Andrade, batalhou judicialmente pela guarda da filha. Ele contou que a criança sempre se desesperava na hora de deixar a residência e voltar para casa da mãe, além de muitas vezes apresentar ‘roxos’ pelo corpo.

De acordo com Jean, quando ele questionava a mãe da filha, Stephanie alegava que a culpa era do filho mais velho de Christian, que também era criança. O pai biológico também afirmou que em uma das vezes em que foi buscar a menina, ela estava com a perna quebrada. Apesar disso, ele e o companheiro não sabiam a gravidade do que Sophia sofria. 

O casal registrou boletins de ocorrência por maus-tratos duas vezes na delegacia e também procurou o Conselho Tutelar. Eles também pediram a guarda de Sophia na Justiça, mas relatam que foram informados que "por falta de provas", e também devido ao preconceito por serem dois pais, o caso não foi para frente. 

O que diz o MP

Ao Terra, o Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MPMS) informou que um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por maus tratos a Sophia foi registrado em janeiro de 2022 na 10ª Vara do Juizado Especial Central.

Segundo o órgão, na época, foram ouvidas pela Polícia Civil a avó e a mãe da criança, que relataram não ter havido maus-tratos e que não havia interesse no procedimento criminal. Por sua vez, o comunicante da ocorrência, o pai, compareceu na audiência preliminar designada e informou perante a autoridade policial que os maus tratos não voltaram a se repetir.

"Em razão da atipicidade material do fato o Ministério Público, requereu o arquivamento do feito. Por consequência, a Juíza Eliane de Freitas Vicente acolheu a manifestação do representante do Ministério Público e determinou o arquivamento do procedimento, ressalvada a possibilidade de desarquivamento, nos termos do que dispõe o artigo 18 do CPP", acrescentou o MP.

De acordo com o Ministério Público, em dezembro de 2022, uma nova ocorrência foi registrada junto à 11ª Vara do Juizado Especial e não foi distribuída ao MPMS. 

Fonte: Redação Terra
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