Merendeira é indiciada por 40 tentativas de homicídio no RS
A Polícia Civil finalizou nesta quarta-feira um inquérito que indiciou por 40 tentativas de homicídio duplamente qualificadas a merendeira Wanuzi Mendes Machado, 23 anos, que confessou ter colocado veneno de rato em um estrogonofe servido a alunos e funcionários da Escola Estadual Doutor Pacheco Prates, na zona sul de Porto Alegre (RS). O número de crimes leva em consideração o total de vítimas que sofreu intoxicação no dia 4 deste mês.
A previsão do responsável pela investigação, o titular da delegacia de Homicídios da polícia gaúcha, Cleber dos Santos Lima, é de que o inquérito seja encaminhado amanhã à Justiça. Wanuzi segue foragida. A prisão dela foi decretada na semana passada, mas até às 13h desta quarta ela seguia solta.
"Quem coloca veneno sabe os efeitos que ele pode provocar e tem a consciência de que esta praticando um crime. O indiciamento dela pelas tentativas de homicídio, após a confissão, é natural", disse o delegado ao Terra. Transtornos psicológicos da merendeira estariam por trás do crime. Durante a confissão, Wanuzi confirmou ter colocado veneno da comida, mas não soube detalhar os motivos para o que fez.
Lima, no entanto, não pretende responsabilizar criminalmente funcionários da escola ou servidores da Secretaria Estadual de Educação que mantiveram a merendeira atuando na função após ela ser afastada de outra escola por reclamações quanto a indícios de problemas psicológicos. "Cabe a Secretaria de Educação analisar. Na minha avaliação os órgãos administrativos não tiveram nenhuma participação."
De acordo com depoimentos, Wanuzi relatava ver "fantasmas" e costumava esconder alimentos embaixo de um freezer no emprego anterior. Um ofício chegou a ser mandado pela antiga escola dela à secretaria, que preferiu transferi-la ao invés de afastá-la. A pasta instaurou uma sindicância para apurar o caso internamente.
Lima também não viu problemas na forma como a direção da Escola Doutor Pacheco Prates armazenou o veneno para rato. "Todo o material era guardado de forma normal, hermeticamente em fechados em locais distintos e longe do sala onde se manuseava a alimentação."
Além dos problemas na escola anterior, Wanuzi também tentou cometer suicídio quando estava grávida há cerca de três anos. Na ocasião, segundo a polícia, ela foi impedida de se jogar do telhado de uma casa.
Ainda não pistas concretas sobre o paradeiro dela. "O mandado contra ela terá validade até 2012 e seguiremos as buscas", enfatizou o delegado.