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Polícia

"Meu filho não era drogado", diz pai de jovem morto na USP

Família vai contestar laudo do IML, que aponta que jovem morreu por afogamento após consumir droga; especialista em perícia criminal diz que documento tem pontos "nebulosos"

17 out 2014 - 17h19
(atualizado às 18h59)
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<p>O estudante Victor Hugo Santos, 20 anos, que foi encontrado morto na raia olímpica da USP</p>
O estudante Victor Hugo Santos, 20 anos, que foi encontrado morto na raia olímpica da USP
Foto: Facebook

Os pais do estudante Victor Hugo Santos, 20 anos, encontrado morto na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP) no dia 23 de setembro após uma festa no campus, disseram nesta sexta-feira que o jovem “não era um viciado” em drogas. Laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) aponta que o jovem morreu afogado após consumir a droga 25B-NBOMe, uma substância sintética similar ao LSD.

“Querem associar meu filho a um viciado, mas ele nunca foi viciado (...) Meu filho não era um drogado”, disse José Marques dos Santos em entrevista coletiva em São Paulo. O pai, no entanto, não descartou a possibilidade de que o filho tenha usado drogas na noite da morte. “Eu quero saber quem ceifou a vida do meu filho. Pode ter sido a droga, pode ter sido uma pessoa. Só queremos a verdade”, continuou, emocionado.

O laudo afirma que, segundo relatos de usuários, os efeitos indesejados causados pela droga são "ataques de pânico, ansiedade, perda da percepção de localização e tempo, náuseas, aumento do ritmo cardíaco, calafrios e insônia".

<p>Vilma Costa Santos e José Marques dos Santos, pais de Victor, dão entrevista em São Paulo</p>
Vilma Costa Santos e José Marques dos Santos, pais de Victor, dão entrevista em São Paulo
Foto: Débora Melo / Terra

Os pais também resolveram falar à imprensa para anunciar que vão contestar o laudo do IML. Para o advogado Ademar Gomes, que representa a família, o laudo é “inconclusivo” e “não esclarece a verdade”. Segundo o advogado, o consumo de drogas não será contestado, mas, sim, a conclusão de morte por afogamento, visto que o jovem “sabia nadar”. Gomes disse ainda que, além de contestar o laudo, aguarda a conclusão da investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O laudo do IML também aponta que não havia álcool no organismo do jovem, contrariando relatos de amigos, que afirmam que Santos bebeu na festa. O corpo foi encontrado três dias após o desparecimento do jovem, que teria sumido depois de sair sozinho para comprar cerveja. Na época, análise preliminar de peritos da Polícia Civil apontou que o corpo não tinha sinais de afogamento.

Laudo nebuloso

A advogada Roselle Soglio, especialista em perícia criminal, analisou o laudo do IML e disse que o documento tem pontos “nebulosos”. “A asfixia mecânica por afogamento (apontada na conclusão) tem aspectos muito particulares que não constam no laudo. Existindo esses elementos, não é comum que não estejam no laudo. Então, estou tomando como verdade que esses elementos não existiram”, disse Roselle.

O primeiro ponto indicado pela advogada é a inexistência do chamado “cogumelo de espuma”, que se forma entre o nariz e a garganta dos mortos por afogamento. “É uma característica muito peculiar, mesmo dias após a morte”, afirmou. “Esse elemento só não está presente no caso chamado ‘afogamento branco de Parrot’, que é um falso afogamento. Se fosse esse o caso, isso também deveria estar no laudo”, completou.

Roselle também disse estranhar que não tenha sido feita uma comparação entre a água eventualmente encontrada nos pulmões do jovem e a água da raia da USP. "Esse é um procedimento fundamental para comprovar se a morte ocorreu lá mesmo ou se ele teria se afogado em outro lugar", disse a advogada.

Segundo o IML, a concentração de droga encontrada no organismo do jovem era de 1 nanograma por mililitro de sangue. "A este quadro de intoxicação, o qual já comprometia a vítima, somou-se uma asfixia mecânica modalidade afogamento, que se constituiu na causa terminal da morte", conclui o laudo.

Fonte: Terra
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