Militares cortaram luz intencionalmente e usaram carro oficial para furtar metralhadoras, diz TV
Ao todo, foram furtadas 21 metralhadoras do arsenal de Guerra do Exército em Barueri; 17 já foram recuperadas
As investigações sobre o furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, indicam que militares cortaram intencionalmente a luz do local, e utilizaram o carro oficial para praticar o crime. As informações foram dadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
As investigações mostram que, com o desligamento da rede elétrica, o sistema de segurança parou de funcionar. Impressões digitais de militares do quartel foram encontradas em alguns quadros de energia pelos peritos, o que corrobora com a suspeita de apagão intencional.
O furto teria ocorrido entre os dias 5 e 8 de setembro. Segundo a reportagem, as armas foram recontadas no arsenal pela última vez no dia 6 de setembro, e a partir do dia 7, foi verificado somente se a porta do depósito estava lacrada.
Mais de 30 dias depois, no dia 10 de outubro, um subtenente viu sinais de arrombamento no local, e percebeu que o lacre numerado havia sido trocado. Os militares responsáveis por conferir se o lacre era o mesmo colocado no dia 6 de setembro estão sendo investigados por infrações disciplinares.
Os peritos também encontraram na porta do depósito impressões digitais de um cabo, motorista do então diretor do arsenal de guerra, o tenente coronel Rivelino Barata de Souza Batista. O motorista não tinha autorização para circular pelo local, mas a suspeita é de que ele tenha aproveitado o livre acesso que tinha ao quartel como homem de confiança.
Além disso, a principal linha de investigação aponta que ele teria usado uma viatura oficial do diretor para tirar as metralhadoras do quartel sem levantar suspeitas. Militares confirmaram à reportagem que o carro do diretor raramente era revistado quando chega ou sai do quartel. O tenente coronel não é investigado no inquérito que apura o furto. Ele foi exonerado do cargo e será transferido.
Sete militares são investigados pelo caso, e agora, os investigadores avaliam se os indícios reunidos até o momento são suficientes para pedir à Justiça a prisão dos suspeitos. Os sigilos bancário e fiscal foram pedidos e pode ajudar a identificar quem negociou as armas com o crime organizado.
Parte das armas foi recuperada
Das 21 armas furtadas, 17 já foram recuperadas: oito no Rio de Janeiro e nove em São Paulo. De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o armamento teria como destino as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).
No Rio, as metralhadoras foram encontradas no porta-malas de um carro no bairro Gardênia Azul, área disputada pelo tráfico de drogas e pela milícia. As armas, que estavam embaladas em sacos pretos e fita adesiva, foram levadas à Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio.
Já em São Paulo, o armamento foi apreendido em São Roque, no interior do estado. O armamento de guerra do Exército estava escondido dentro de um lago que se formou no local, um lamaçal de uma área de mata. Foram localizados cinco fuzis .50, capazes de derrubar aeronaves, e quatro metralhadoras MAG calibre 7.62. O tiro da metralhadora, de origem belga, tem alcance de 2,5 mil metros, podendo disparar de 600 a mil tiros por minuto, inclusive ultrapassando veículos blindados.