Ministério do Trabalho cobra "velocidade" de medidas à Zara
- Simone Sartori
- Direto de São Paulo
O auditor fiscal Luiz Alexandre de Faria, representante do Ministério do Trabalho e Emprego, afirmou nesta quarta-feira que a "velocidade" das medidas anunciadas pela Zara, após denúncias de trabalho escravo em oficinas de confecção para a marca, ainda não está "a contento". Segundo ele, o Ministério aguarda um "trabalho pesado" para a formalização dos trabalhadores envolvidos.
"Nós aguardamos que seja feito um trabalho pesado de formalização desses trabalhadores que hoje estão na informalidade, completamente escondidos, que trabalham para a rede Zara Brasil, que confeccionam as peças que vão receber a sua marca. Passaram dois meses do flagrante e o monitoramento que o Ministério do Trabalho tem feito não tem apurado resultados ainda. É óbvio que a empresa já anunciou medidas que são positivas, que são adequadas, mas talvez a velocidade ainda não esteja a contento, principalmente em se tratando de uma situação tão grave, com trabalho em condições degradantes", afirmou Faria, antes da fala dos representantes da grife durante a sessão na Assembleia Legislativa.
O Ministério do Trabalho e Emprego questiona ainda o cancelamento das encomendas a 31 oficinas de confecção pela marca e pede novas medidas para regularização dos funcionários. "Foram apuradas 33 oficinas em condição degradante, duas foram diligenciadas. A situação das outras 31 continua sem resposta. No caso das outras 31, foram simplesmente cortadas as encomendas para essas 33 oficinas. Então, a pergunta que nós fizemos é por que esses aproximadamente 200 ou 300 trabalhadores serviam para produzir roupas para a Zara até o flagrante e agora não mais se prestam a isso, por que deixou-se de fazer essas encomendas? No nosso entender, as medidas adequadas seriam também oferecer uma estrutura para que eles se legalizassem."
De acordo as investigações, apenas uma máquina de costura da confecção da Zara produzia 15 mil peças de roupa por mês. Em média, cada uma das peças era vendida por R$ 139, resultando em lucro de pouco mais de R$ 2 milhões por trabalhador.