A primeira morte de uma pessoa em uma ação militar no Conjunto de Favelas da Maré, ocupado na semana passada pelas Forças Armadas, causou neste sábado uma série de protestos dos moradores da região, que asseguram que a vítima era um trabalhador sem vínculo com grupos criminosos. Centenas participaram da manifestação no conjunto de favelas onde vivem cerca de 130 mil pessoas e tentaram bloquear duas importantes vias que cortam a comunidade, mas foram impedidos pela polícia. De acordo com a 21ª DP, de Bonsucesso, o caso está sendo investigado. A perícia já foi realizada no local e os militares foram ouvidos na sede da unidade.
Trata-se da primeira morte confirmada em confronto com as Forças Armadas, desde que o local foi ocupado no último sábado. O Exército e a Marinha haviam substituído parte do efetivo da Polícia Militar. De acordo com a secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, a troca de tiros foi iniciada depois que dois homens "suspeitos" teriam disparado contra oficiais que estavam em um veículo do Exército. Os agentes teriam chamado socorro, mas Jeferson Rodrigues da Silva, 18 anos, o "Parazinho", como é conhecido, morreu no local. O rapaz estaria com um rádio transmissor e cartuchos de calibre nove milímetros.
A Vila dos Pinheiros foi ocupada há exatamente uma semana por 2,7 mil militares em uma operação destinada a expulsar definitivamente os grupos de criminosos que por décadas dominavam a região. Até agora não havia sido registrada nenhuma morte na Maré desde que a região passou a ser patrulhada por soldados do Exército e infantes da Marinha.
Apesar da versão oficial de que a morte aconteceu em uma troca de tiros, os moradores da região disseram que a vítima trabalhava em uma empresa de lavagem de automóveis e que foi baleada quando chegava ao local. Os moradores disseram também que o jovem se assustou ao ver algumas pessoas correndo e ao escutar os disparos, e que correu sem suspeitar que poderia ser confundido com criminosos perseguidos pelos militares.
Os manifestantes se queixaram das estritas medidas adotadas pelo Exército na Maré que impedem a livre mobilização dos habitantes e das seguidas revistas. Duas pessoas foram detidas durante o protesto, segundo o Jornal Nacional.
O complexo, localizado em um lugar estratégico do Rio de Janeiro por atravessar três importantes avenidas e a poucos quilômetros do aeroporto internacional, ficará ocupado pelos militares durante todo o Mundial de futebol. Os militares apenas sairão do local quando o governo do Rio de Janeiro instalar na Maré uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
O complexo de Maré, composto por 15 favelas, era considerado o último grande bastião do narcotráfico no Rio de Janeiro, quando 1,2 mil policiais liderados pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e apoiados por 21 blindados militares ocuparam os bairros.
Forças Armadas ocuparam a comunidade da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, neste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Tropas começaram a ocupação ainda na madrugada deste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Complexo na zona norte do Rio tem 15 comunidades
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Carros blindados, helicópteros e jipes são usados na ocupação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ocupação da favela ocorre após uma série de ataques a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores circulam normalmente durante a ocupação da favela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores que estão a pé precisam abrir mochilas para serem revistadas pelos militares que ocupam a comunidade
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Carros, vans e motos que estão entrando nas favelas estão sendo revistados
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Circulação de moradores continua mesmo com a ocupação da comunidade
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Forças Armadas entraram na favela ainda na madrugada deste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ocupação iniciou tranquilida na zona norte do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Após ocupação, mais uma UPP será instalada
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores acompanharam de suas casas a ocupação da favela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Soldados utilizaram forte armamento para invadir o local
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ocupação começou ainda na madrugada de sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Comerciante limpa tranquilamente a calçada durante a ocupação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Segundo o general de Brigada do Exército Roberto Escoto, que comanda a Força de Pacificação na Maré, não há notícias de confronto com bandidos quando as Forças Armadas entraram nas favelas e não foram feitas prisões até o final da manhã deste sábado
Foto: Mauro Pimentel / Terra
O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que espera que até 31 de julho a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do complexo de favelas da Maré esteja instalada
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Governador do Rio de Janeiro cumprimenta o Ministro da Defesa
Foto: Mauro Pimentel / Terra
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse neste sábado que conjunto de favelas da Maré, que foi ocupado neste sábado por tropas das Forças Armadas, era um hub da distribuição de drogas e de roubos de carros e motos
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Estamos libertando um território que é uma cidade de 130 mil habitantes. Já prendemos 180 pessoas nos últimos 15 dias . Somando forças a gente desperta a esperança e o caminha para poder vencer o tráfico de drogas, disse Pezão
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores do Complexo da Maré, ocupado pelas Forças Armadas, vivem expectativa de mudanças sociais
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
O potiguar Jorge Paulo, 68 anos, há 65 na Maré, possui uma pequena criação de cabras
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Andreia Oliveira da Costa, que mora há 12 anos no local, não se conforma com as condições de moradia
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Welington Barbosa, que vive em um barraco à beira de um canal no Complexo da Maré, quer ajuda do Estado para sair da casa de compensado
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Criação de cabras de Jorge Paulo, que veio do Rio Grande do Norte e hoje vive no Complexo da Maré
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, em visita ao Complexo da Maré
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Crianças brincam com forças de ocupação do Exército
Foto: Governo do Rio / Divulgação
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, em visita ao Complexo da Maré
Foto: Governo do Rio / Divulgação
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em visita ao Complexo da Maré
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Carros do Exército fazem ronda no Complexo da Maré