Morte de advogado em frente à OAB do RJ foi 'recado' contra exploração legal de apostas, diz MPRJ
Promotoria ressaltou, em denúncia, que a morte do advogado foi uma retaliação da máfia de contravenção
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou três suspeitos pela morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, executado a tiros em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio em fevereiro deste ano. Na denúncia, a promotoria ressalta que a morte de Marinho foi um 'recado' da máfia de contravenção do RJ contra a exploração legal de jogos de aposta online.
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A denúncia apresentada pela promotoria dá conta de que o advogado foi morto em local público, em frente à sede da OAB, em plena luz do dia. "Há fortes indícios de que a máfia, com a execução, tenha pretendido dar 'um recado'", revelou o MP.
O MPRJ denunciou Cezar Daniel Mondego de Souza, Eduardo Sobreira Moraes e o policial militar Leandro Machado da Silva, que foi afastado da função e perdeu o porte de arma de fogo sob determinação da Justiça.
O PM é apontado como o responsável por providenciar os carros usados no ataque. Cezar Daniel é suspeito de ter monitorado a vítima, enquanto Eduardo Sobreira é apontado pela polícia como responsável por seguir a vítima e dirigir o carro para Cezar Daniel antes do assassinato.
Na denúncia, a promotoria revela que o trio monitorou o advogado antes da execução do crime e que Marinho não teve a oportunidade de se defender. "[A vítima] foi atingida por diversos disparos de arma de fogo, quando se encontrava de costas, em típico ato de execução sumária”.
O Ministério Público ressaltou, também, que o crime foi cometido por motivo 'torpe': "Demonstração de força e poder, haja vista que a atuação profissional da vítima, como advogado, vinha incomodando interesses escusos de organização criminosa atuante, dentre outras atividades, na exploração de jogos de apostas online", apontou a promotoria.
A denúncia foi apresentada na última sexta-feira, 26, à Justiça do Rio de Janeiro pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, ligados ao Ministério Público estadual.
Relembre o caso
O crime ocorreu por volta das 17h do dia 26 de fevereiro, na Avenida Marechal Câmara, próximo à OAB e Marinho & Lima Advogados, escritório em que Rodrigo Marinho Crespo era sócio-fundador. De acordo com testemunhas, os criminosos estavam em um veículo branco.
De acordo com a polícia, o veículo em que o assassino chegou estacionou em uma fila dupla. Na sequência, ele saiu do banco traseiro, deu cerca de três passos e, em seguida, iniciou os primeiros disparos. Ao que parece, um dos criminosos chegou a chamá-lo antes dos tiros.
O criminoso continuou atirando contra o advogado, que já estava caído no chão. Após o ataque, o assassino retornou rapidamente para o veículo, que estava com a porta aberta. Ainda de acordo com a polícia, toda a ação durou apenas 14 segundos.
O advogado tinha o hábito de descer do escritório para tomar café e conversar com as pessoas. O crime foi registrado pelas câmeras de segurança da área e, segundo informações de policiais civis, o criminoso teria efetuado pelo menos 15 disparos de uma pistola 9 mm. Investigadores recuperaram pelo mais de dez cápsulas no local.
Quem era Rodrigo?
Rodrigo Marinho Crespo se formou em Direito em 2005, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), e era sócio fundador do escritório Marinho & Lima Advogados. O advogado também se especializou em Direito Civil Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O profissional tinha experiência em Direito Civil Empresarial com ênfase em Contratos e Direito Processual Civil. O escritório em que atuava fica localizado na Avenida Marechal Câmara, mesma rua em que ele foi morto. No endereço, também estão localizadas a sede da Defensoria Pública, do Ministério Público estadual e da OAB.