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Polícia

Motivo e hora do crime devem dominar julgamento de Gil Rugai nesta sexta

Debate entre defesa e acusação encerrará júri sobre mortes de pai e madrasta do réu

22 fev 2013 - 06h25
(atualizado às 15h33)
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<p>Julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, deve chegar ao fim nesta sexta-feira</p>
Julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, deve chegar ao fim nesta sexta-feira
Foto: Alice Vergueiro / Agência Brasil

Após os depoimentos de 15 testemunhas - cinco de acusação, sete de defesa e três do juiz -, e de quase quatro horas e meia de interrogatório do réu, deve chegar ao fim nesta sexta-feira o julgamento do publicitário Gil Rugai, 29 anos, acusado de ter matado o pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitiño, 33 anos, em 28 de março de 2004. O casal foi assassinado a tiros na casa onde vivia, em um bairro nobre da zona oeste de São Paulo e, de acordo com a acusação, Gil Rugai cometeu o crime após o pai descobrir um desvio de dinheiro na empresa e expulsá-lo da residência. Um vigia que trabalhava na rua afirmou à polícia tê-lo visto deixar o local, mas o réu sempre negou a autoria dos assassinatos e, em plenário, voltou a se declarar inocente. 

O julgamento, que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, começou na última segunda-feira, com o depoimento do vigia Domingos Ramos Oliveira de Andrade, que reafirmou ter "certeza" de que viu Gil Rugai deixar a casa após os disparos. Hoje, os advogados de defesa do réu, Thiago Anastácio e Marcelo Feller, e o promotor Rogério Leão Zagallo, responsável pela acusação, apresentarão seus argumentos sobre o que aconteceu na noite daquele domingo, sendo que cada parte poderá usar até duas horas e meia para expor suas versões - o tempo pode aumentar, caso necessário e autorizado pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, presidente do júri.  

Cinco homens e duas mulheres compõem o júri que decidirá se considera Gil Rugai inocente ou culpado, sendo que cada um exerce alguma das seguintes funções: bancário; diretor de escola; engenheiro civil; assistente contábil; funcionário do setor financeiro; funcionário público estadual; e diretor de recursos humanos.

Ao longo dos últimos quatro dias, a Justiça também ouviu o delegado que comandou a investigação que apontou Gil Rugai como culpado, além de peritos criminais. Também testemunhou um ex-contador da empresa de Luiz Carlos, que disse desconhecer a existência de uma fraude contábil na produtota. Outro depoimento importante foi o de um ex-sócio de Gil Rugai, que afirmou que o réu possuía uma "mala de fuga" com dinheiro e uma arma e disse ter desconfiado do rapaz na época. Além disso, foram ouvidos outros dois vigilantes da rua (que negaram ter visto suspeitos); peritos criminais e uma antropóloga. 

Um instrutor de voo, que dava aulas para a vítima, também depôs e revelou que, dias antes do crime, Luiz Carlos Rugai lhe confidenciou uma briga entre pai e filho, motivada por uma fraude contábil na empresa, de autoria do réu. Por outro lado, outra testemunha ouvida foi o filho mais novo de Luiz Carlos, Leo Grego Rugai, 27 anos, que defendeu o irmão e afirmou acreditar em sua inocência.

Motivo e horário da morte

Agora, defesa e acusação terão de comprovar suas versões, sendo que os pontos que ambas as partes consideram fundamentais são: o que teria motivado os assassinatos e o horário em que Luiz Carlos e Alessandra morreram.

Para a acusação, Gil Rugai matou o casal pois seu pai soube que ele desviou parte de seu dinheiro e, diante da descoberta, o expulsou de casa cinco dias antes do crime. Para tentar comprovar a tese, apresentará os depoimentos de testemunhas que relatam essa briga entre pai e filho, além de laudos periciais que apontam o réu como autor também do arrombamento à porta da sala onde Luiz Carlos tentou se proteger. A Promotoria também destacará o fato de a arma de onde partiram os tiros terem sido encontradas no edifício onde o réu estava montando uma outra produtora de vídeo na ocasião.

Outro ponto que deve ser explorado pelo promotor Rogério Leão Zagallo é o horário do crime e, segundo ele, a fragilidade do álibi apresentado pelo réu sobre onde ele estava no momento dos assassinatos. Na avaliação da acusação, as explicações apresentadas por Gil Rugai não são verdadeiras. 

"Ele mentiu e faltou com a verdade. (...) Seu comportamento beira à psicopatia e, nos debates, vamos expor esse desvio de personalidade que possui", disse o promotor, responsável pela acusação.

Ex-funcionário

A defesa por sua vez tentará explorar as "fragilidades" apontadas por eles na investigação da Polícia Civil, que na opinião dos defensores, falhou ao seguir apenas uma linha de investigação e apresentou vários "lapsos" em laudos, como o que demonstrou a compatibilidade entre o pé de Gil Rugai e a marca de pisada encontrada na porta arrombada. Para demonstrar que a polícia ignorou outras hipóteses para o crime, os advogados sustentarão que duas linhas de suspeita deveriam ter sido averiguadas pela investigação na época: a de que um ex-funcionário de Luiz Carlos o matou por causa de uma dívida trabalhista de R$ 600 mil; e a de que o casal foi morto pois havia gravado imagens de um voo realizado às vésperas do crime sobre um aeroclube cuja entrada e saída de drogas já havia sido mencionada pela CPI do Narcotráfico. 

Além disso, os advogados deverão tentar comprovar que, embora "estranho" - conforme definição dos próprios defensores -, Gil Rugai não matou ninguém. "Temos que lembrar sempre que isso aqui não é um teste de popularidade, é um julgamento. Não é porque ele pareça estranho que matou alguém", disse Anastácio, em plenário, durante o interrogatório de Gil Rugai. 

Após os debates entre defesa e acusação, os juradores deverão responder a uma série de perguntas para demonstrar se consideram Gil Rugai inocente ou culpado. Somente após a decisão do conselho de sentença é que o juiz que preside o júri deverá ler seu veredicto em público, absolvendo ou condenando o réu. Se for considerado culpado, Gil Rugai pode receber uma sentença de 12 a 30 anos de prisão para cada um dos assassinatos - mas, segundo a legislação brasileira, só poderá ficar no máximo 30 anos preso.

Fonte: Terra
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