O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), disse nesta quarta-feira, ao chegar em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que a orientação da presidente Dilma Rousseff era de manter o diálogo entre fazendeiros e indígenas na região de Sidrolândia. De acordo com decisão judicial, os índios teriam até as 9h desta quarta para deixar a fazenda Buriti, ocupada desde o dia 15. O governo, por meio da Advocacia-Geral da União, tenta mais prazo para negociar a saída dos indígenas da fazenda.
Cardozo chegou à Base Militar de Campo Grande no início da manhã e se encontrou com o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB). Por volta de 11h, segundo a assessoria do Ministério da Justiça, Cardozo sobrevoava a região do conflito, acompanhado por Pucinelli (PMDB), pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, e pelo superintendente da Polícia Federal, Edgar Marcon.
Ao todo, 110 homens da Força Nacional foram convocados para a missão. Além do envio da Força Nacional, Cardozo disse que o efetivo da Polícia Federal será ampliado no Estado em função do acirramento dos conflitos.
Índios baleados
Um índio foi baleado na tarde desta terça-feira na região de fazendas ocupadas por um grupo de terenas em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande (MS). O índio da etnia Terena Josiel Gabriel Alves, 34 anos, deu entrada no Hospital Sociedade Beneficente Dona Elmiria Silverio Barbosa às 16h30. Exames indicaram que a bala ficou alojada próximo à coluna cervical, o que determinou sua transferência para a Santa Casa de Campo Grande.
A fazenda Buriti também foi palco de confronto no dia 30 de maio. Nesse dia, o índio terena Osiel Gabriel, 35 anos, foi morto e mais três índios ficaram feridos durante uma ação de reintegração de posse, comandada pela Polícia Federal.
Em nota divulgada na noite de sexta-feira, a Funai criticou o cumprimento da ordem de desocupação da fazenda Buriti e disse que não foi informada sobre a operação. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu rigor na apuração do caso.
Ao todo, 110 homens da Força Nacional foram convocados para a missão no Mato Grosso do Sul
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Cardozo chegou à Base Militar de Campo Grande no início da manhã e se encontrou com o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB)
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Em nota divulgada na noite de sexta-feira, a Funai criticou o cumprimento da ordem de desocupação da fazenda Buriti e disse que não foi informada sobre a operação
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Dilma pediu para Cardozo manter o diálogo em região de conflito indígena no MS
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu rigor na apuração do conflito no MS
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
De acordo com decisão judicial, os índios teriam até as 9h desta quarta para deixar a fazenda Buriti, ocupada desde o dia 15
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Além do envio da Força Nacional, Cardozo disse que o efetivo da Polícia Federal será ampliado no Estado em função do acirramento dos conflitos
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
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Procuradores da República em Mato Grosso do Sul e no Pará se manifestaram sobre os conflitos decorrentes da disputa por terras entre índios e produtores rurais. Por meio de notas divulgadas nos sites das procuradorias nos dois Estados, eles dizem que a questão da demarcação de terras indígenas é um problema cuja solução depende, principalmente, de vontade política.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), a disputa por terras, causa dos confrontos entre índios e fazendeiros, se arrasta desde, pelo menos, 1928, quando o antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI, órgão substituído pela Funai em 1967), criou uma reserva terena com 2.090 hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial).
Em 2011, a Funai reconheceu como território tradicional indígena os 17 mil hectares reivindicados pelos índios. Fazendeiros que ocupam a área, em alguns casos há décadas e regularizados, conseguiram que a Justiça Federal em Campo Grande anulasse os processos de reconhecimento e homologação.
30 de maio - Indígenas atearam fogo em prédios da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, durante operação de reintegração de posse realizada na quinta-feira. Durante confronto com policiais militares e federais, um índio morreu baleado e outros quatro ficaram feridos
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Incêndio produziu grande coluna de fumaça em fazenda no interior de MS
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Construção ficou destruída após incêndio
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - A propriedade fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional em 2010
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Indígenas começam a deixar fazenda após operação de reintegração de posse
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Operação de retirada dos índios foi marcada pela tensão
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
3 de junho - Osiel Gabriel foi enterrado em cemitério próximo à fazenda ocupada
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Lideranças indígenas prestam últimas homenagens a jovem terena morto em confronto com policiais
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Segundo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerimônia de sepultamento ocorreu em um misto de tristeza e indignação
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo de Osiel passou por perícias para determinar origem do tiro que matou o jovem
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenta negociar um encontro entre os indígenas e a presidente Dilma Rousseff
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Indígenas prometem permanecer na fazenda ocupada mesmo após nova ordem de reintegração de posse
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Grupo da etnia terena se sentiu traído com decisão após negociar 'trégua' em reunião com o CNJ
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Índios rasgam cópias da decisão judicial que os obriga a deixar a fazenda Buriti em 48 horas
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo do índio Osiel Gabriel, morto em confronto com policiais federais e militares, é enterrado em clima de revolta na aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia (MS)