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Polícia

Mulher de assassinado na Berrini queria "vida de madame"

Executivo morto na segunda ainda tinha seguro de vida de R$ 500 mil; ex-detento receberia R$ 3 mil pelo crime, planejado por mulher e amante

3 jun 2015 - 18h27
(atualizado às 19h56)
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O anseio por uma “vida de madame” ao lado do amante, mais um seguro de vida avaliado em R$ 500 mil, motivaram a professora Eliane Areco Barreto, de 46 anos, a  planejar a morte do marido, o empresário Luiz Eduardo de Almeida Barreto, de 49 anos, ocorrida na tarde da última segunda-feira em uma área nobre de São Paulo. As informações são da Polícia Civil paulista, que concluiu as investigações nesta quarta-feira e apontou Eliana e o inspetor de segurança Marcos Fábio Zeitunsian, de 39 anos,como mandantes do crime.

Segundo a Polícia Civil de São Paulo, a professora Eliane Areco Barreto planejou o assassinato do marido com o amante e contraiu empréstimo de R$ 7 mil para pagar o executor, um ex-presidiário
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, a professora Eliane Areco Barreto planejou o assassinato do marido com o amante e contraiu empréstimo de R$ 7 mil para pagar o executor, um ex-presidiário
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Barreto foi assassinado com três tiros, no começo da tarde de segunda, na rua onde trabalhava, no Brooklin, zona sul da capital paulista. Sócio de uma empresa que desenvolve aplicativos para celular, ele estava casado com Eliana há cerca de 25 anos e tinha dois filhos com ela – uma de 15 e um de 17 anos.

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Em entrevista coletiva no 96º Distrito Policial, que conduziu as investigações, o delegado-chefe da 2ª Delegacia Seccional de SP, Jorge Carrasco, afirmou que as provas que confirmam a autoria do crime – tanto mentores quanto executor – são técnicas. Ele se refere a fotos encontradas no celular de Eliezer Aragão, que estava em liberdade condicional há menos de um mês e, segundo o delegado, foi contratado por Zeitunsian para matar o marido da amante.

Conforme Carrasco, não apenas imagens de câmeras na Berrini identificaram o momento em que o segurança apontara a vítima, como ele ainda mandara uma foto do executivo para o ex-detento. À polícia, Aragão – que acabara preso minutos após o assassinato na estação de trem Berrini – admitiu ter sido contratado pelo inspetor de segurança, mas acabou negando, inicialmente, ter combinado valores para isso. “Mas apuramos que a mulher da vítima contraiu empréstimo bancário de R$ 7 mil para essa finalidade”, disse Carrasco.

Mulher de executivo assassinado na Berrini é presa:

Comparsa de mulher foi preso hoje 6h

Com ordem de prisão temporária expedida ontem à noite, explicou o delegado, Zeitunsian foi preso hoje às 6h em casa, em São Paulo, e confessou a articulação do crime com a amante. “Eles [Eliana e Zeitunsian] articularam o crime porque queriam ficar juntos; tem um seguro também, no valor de R$ 500 mil, que ela havia prometido usar para comprar para o amante uma loja em Guaratinguetá, quando fossem viver juntos”, afirmou o delegado. “Eles se conheceram em uma semáforo em São Paulo há 13 anos, ficaram um tempo juntos, se separaram, e voltaram a se relacionar há dois anos”, emendou Carrasco. No Facebook, Eliana e Zeitunsian estão um no grupo de amigos do outro.

Eliana morava com a família em Aparecida, cidade vizinha a Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, e via o marido aos finais de semana e feriados – durante a semana, ele ficava no apartamento dele no Morumbi, zona sul de São Paulo.

O casal estrava junto há 25 anos e tinha dois filhos - de 15 e 17 anos, mas Barreto passava a semana toda em São Paulo, onde trabalhava
O casal estrava junto há 25 anos e tinha dois filhos - de 15 e 17 anos, mas Barreto passava a semana toda em São Paulo, onde trabalhava
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Amante disse um valor para mulher, e outro, para executor

Por que o casal não havia se separado, já que Eliana supostamente queria viver com o amante?, quis saber a reportagem.

“Ela é professora das redes pública e privada em Guaratinguetá, e o marido queria que ela continuasse dando aula em escolas para pessoas carentes. Mas a Eliana queria ter uma vida de madame. Como ele não aceitava essa forma [de entendimento], havia essa desavença em termos de posicionamento social”, disse o delegado.

Delegado que presidiu o inquérito, o titular do 96º DP, Anderson Pires, afirmou que fotos e vídeos íntimos do casal de amantes foram encontrados no celular do inspetor de segurança – o qual teria combinado com Eliana o valor de R$ 7 mil para o crime, mas acertado com o ex-detento o valor de R$ 3 mil, que nem chegaram a ser pagos.

“O casal tratou do crime muito por WhatsApp: ela perguntou para o Marcos, antes do assassinato, um ‘Como estamos?’, e ele respondeu com ‘Calma que, quando ocorrer, te aviso’. Depois que o Luiz foi assassinado, ele falou com ela em código em outra mensagem: ‘Olha, o veículo foi vendido’”, declarou Pires.

O inspetor de segurança em um shopping de Santo Amaro (zona sul de SP) Marcos Zeitunsian disse à amante que pagaria R$ 7 mil ao executor do assassinato, mas combinou com ele R$ 3 mil
O inspetor de segurança em um shopping de Santo Amaro (zona sul de SP) Marcos Zeitunsian disse à amante que pagaria R$ 7 mil ao executor do assassinato, mas combinou com ele R$ 3 mil
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Mulher foi presa na presença de parentes do marido assassinado

Eliana foi presa na presença do pai e de dois cunhados - os quais, segundo os delegados, ficaram "transtornados e estarrecidos" com a admissão de culpa dela. Eles a haviam acompanhado até São Paulo porque ela havia sido chamada para depor no inquérito, mas não sabia que o inspetor de segurança já estava preso. 

Conforme o delegado seccional, os três serão indiciados por homicídio triplamente qualificado, mas com agravante para os mandantes. Aragão será indiciado também por roubo, ainda que simulado. A professora e o inspetor passaram por exame de corpo delito e foram encaminhados, respectivamente, à carceragem do 89º DP e do 77º DP.

Barreto foi sepultado ontem em Guaratinguetá. A polícia não divulgou nomes de advogados dos suspeitos, ainda que, no caso de Eliana e Zeitunsian, garantiu Carrasco, as confissões tenham sido assinadas na presença dos respectivos defensores. Eles deixaram o 96º DP sem falar com a imprensa.

Fonte: Terra
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