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Polícia

Na Maré, anúncio de ocupação causa apreensão entre moradores

25 mar 2014 - 19h08
(atualizado às 19h09)
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"O que vai acontecer quando deixarmos de ser manchete de jornal?", questiona Carlos Alberto, presidente da associação de moradores do Parque União, uma das 16 comunidades que compõem o Complexo da Maré, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro. Ao todo, 130 mil pessoas vivem no bairro, que se espreme entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, às margens da baía de Guanabara, e deve ser ocupado em breve pelo Exército.

Caminho para o aeroporto internacional do Galeão e vizinha ao centro da cidade, a Maré é considerada prioritária pelo governo. No local se misturam facções de tráfico rivais e milicianos, em um desafio à política de segurança pública do Estado.

A preocupação de Carlos se materializada nos camburões estampados com caveiras do Bope (Batalhão de Operações Especiais) que percorrem a comunidade desde a sexta-feira à noite em preparação para a chegada das Forças Armadas. O Exército, por sua vez, dará lugar a instalação, ainda sem data prevista, de uma Unidade de Polícia Pacificadora, e chega depois de uma série de ataques a UPPs ter levado o governo do Estado a pedir ajuda à Presidência da República.

Nesta terça-feira pela manhã, era possível perceber o clima tenso da comunidade. Por volta das 11h, na altura da passarela 9, na avenida Brasil, a reportagem ouviu fogos e o som de rajadas de tiros. Os moradores evitavam falar com a imprensa e agentes do Bope revistavam moradores e ônibus em busca de suspeitos.

“A gente sabe que as ocupações não tem sido bem administradas e a população não sabe o que esperar. O único lugar em que as coisas parecem estar indo bem é o Santa Marta. Nos outros, continua a mesma coisa. No começo é lindo, tem aquela euforia, vem reportagem, Light, Cedae, mas e depois?”, desabafa Carlos.

Por questões estratégicas, o governo não revelou qual será o efetivo do Exercito alocado na comunidade, mas o secretário de segurança José Mariano Beltrame adiantou nesta segunda-feira que a futura UPP irá contar com 1,5 mil PMs
Por questões estratégicas, o governo não revelou qual será o efetivo do Exercito alocado na comunidade, mas o secretário de segurança José Mariano Beltrame adiantou nesta segunda-feira que a futura UPP irá contar com 1,5 mil PMs
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Para ele, a população não consegue ver a polícia como um órgão de defesa em virtude do tratamento e da relação que a PM criou com a comunidade ao longo dos anos - em junho do ano passado, uma operação policial em represália a morte de um sargento do Bope na favela Nova Holanda, vizinha ao Parque União, deixou nove mortos.

O fotógrafo Naldinho Lourenço, que mora na comunidade, reclama da relação dos policiais com os moradores. “Como você quer ter uma polícia de pacificação se está na rua com fuzil na mão? Assim só se reproduz a lógica do tráfico”, diz.

Por questões estratégicas, o governo não revelou qual será o efetivo do Exercito alocado na comunidade, mas o secretário de segurança José Mariano Beltrame adiantou nesta segunda-feira que a futura UPP irá contar com 1,5 mil PMs, em uma relação cerca 1 policial para cada 87 moradores.

O governador Sérgio Cabral viajou a Brasília na sexta-feira para pedir ajuda à presidência depois que as bases das UPPs das comunidades de Manguinhos e Lins de Vasconcelos foram incendiadas e o comandante da UPP de Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, atingido por um tiro na perna direita. Outro militar foi atingido por uma pedrada na cabeça e, na semana passada, o subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, Leidson Acácio, morreu após ser baleado na testa.

Fonte: Terra
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