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Polícia

"Não consegui achar o governador", diz ex-secretário sobre Carandiru

16 abr 2013 - 17h28
(atualizado às 17h40)
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O ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Pedro Franco de Campos (1991-1992), afirmou que não conseguiu falar com o ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho na tarde de 2 de outubro de 1992, dia do episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru, e que foi dele o aval para que a Polícia Militar entrasse na Casa de Detenção de São Paulo para conter uma briga entre detentos.

Ao fim do episódio foram contabilizadas 111 mortes. Na presente e primeira fase do julgamento do caso, que deve durar cerca de duas semanas, 26 policiais serão julgados por 15 mortes. Pelo menos outros três julgamentos devem ser realizados.

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"Não consegui achar o governador. Liguei para o secretário (de Governo) Cláudio Alvarenga e depois disso falei com o coronel Ubiratan Guimarães, comandante da tropa que estava no Carandiru", disse Campos nesta terça-feira, segundo dia da primera etapa do julgamento do Carandiru. "Havia dois juízes de direito no local, o meu secretário adjunto (Antonio Filardi Diniz) também estava lá, e disse ao coronel que, se fosse necessário, que entrasse. A necessidade da entrada da polícia era incontestável. Disse a eles que havendo a necessidade, que a polícia poderia entrar", afirmou.

Campos afirmou que era informado de o que estava acontecendo no local pelo secretário adjunto e que em nenhum momento sua presença foi solicitada na Casa de Detenção. "Só falei com o governador à noite, sobre o resultado da operação. Sobre os números. As primeiras informações davam conta de oito, dez, 20, 30 presos. O governador solicitou um relatório final preciso. Esse número só foi oficializado no meio da tarde do dia seguinte, que era dia de eleição. Mas a divulgação dos números não tem qualquer relação política (...). Só me preocupava em saber o resultado final e o nome das vítimas", afirmou.

O ex-secretário se lembra de levar o número para o governador, e somente depois disso a informação foi divulgada à sociedade. "Dias depois deixei a Secretaria, nunca mais falei sobre isso, somente quando fui chamado à Justiça. Voltei para o Ministério Público Público, não conheço as provas do processo e nunca mais me interessei por segurança pública ou temas ligados à administração penitenciária".

Ele relatou que, no dia da briga entre os presos, havia entre as autoridades presentes o temor de que a rebelião se espalhasse além das muralhas do pavilhão 9. "Principalmente no pavilhão 8, em que havia os presos mais perigosos".

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/massacre-do-carandiru/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/massacre-do-carandiru/iframe.htm">veja o infográfico</a>

Julgamento

Passados 20 anos do episódio que terminou com 111 presos mortos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, em outubro de 1992, 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido como Massacre do Carandiru.

Pelo menos 79 PMs acusados de envolvimento nas mortes aguardam julgamento. O único que recebeu a sentença foi o coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que coordenava a operação no dia do massacre, mas teve sua pena de 632 anos de prisão anulada em 2006, sete meses antes de ser assassinado.

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos. Nenhum deles a bala.

Fonte: Terra
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