Moradores da Favela do Mandela, onde contêineres da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foram queimados na noite de quinta-feira, acompanharam nesta sexta o trabalho de limpeza do entorno, lidando ainda com algumas consequências do confronto, como a falta de luz. Cerca de 60 garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana chegaram para varrer as cinzas, os destroços e o lixo deixado em toda a comunidade.
"Ninguém conseguiu dormir na noite passada. Estamos em claro até agora. A confusão começou por volta das 18h e, depois que colocaram fogo aqui, acabou a luz e ninguém conseguiu dormir", conta uma moradora da comunidade que assistia ao trabalho de limpeza. "Teve tiro, pedrada, pau. Tudo o que encontraram pela frente, eles jogaram. Quem estava na rua, se escondeu dentro de casa até acabar, e muita gente acabou ficando na casa de parentes porque não tinha mais ônibus".
Em outra casa, onde havia venda de sacolés, o trabalho só começou mais tarde, por causa da falta de luz: "Agora já estamos vendendo, mas só deu para ligar o freezer de manhã", disse a vendedora. Em uma loja de aparelhos eletrônicos, a única atendente trabalhava no escuro: "Estou vendendo, mas não passo cartão, nem tenho como fazer recarga de celular".
Na via principal da comunidade, parte do comércio estava fechada, mas, segundo os comerciantes que abriram, isso era normal: "Aqui é assim mesmo. Muitas lojas não estão alugadas e outras só abrem à tarde e à noite. Teve gente que não abriu por causa da falta de luz também. O açougue, por exemplo".
Policiais que faziam o patrulhamento na área também comentaram, sem se identificar, que a situação era tranquila no início da manhã. Eles disseram que não houve mudanças na rotina um dia depois do confronto. Os contêineres incendiados foram retirados no início da manhã, e alguns moradores chegaram a tentar garimpar os escombros para encontrar materiais que pudessem ter valor.
Na avenida Leopoldo Bulhões, onde houve um protesto na noite de ontem, pedaços de vidro e cacos de garrafa ainda podiam ser encontrados. A manifestação era contra a desocupação de um prédio para obras do Programa de Aceleração do Crescimento, mas, segundo a Polícia Militar, criminosos teriam aproveitado para promover os ataques.
O policiamento foi reforçado na manhã desta sexta-feira nas regiões das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) atacadas por bandidos, principalmente no Complexo de Manguinhos. A Avenida Leopoldo Bulhões ficou fechada por quase seis horas e os moradores da comunidade passaram 12 horas sem luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Após os seguidos ataques a unidades de Polícia Pacificadora em comunidades do Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral afirmou na madrugada desta sexta-feira que iria solicitar à Presidência da República o apoio de Forças Federais para conter a onda de violência nesses locais
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na quinta-feira, o comandante da UPP Manguinhos, na zona norte da capital fluminense, capitão Gabriel Toledo, foi ferido na perna direita durante uma manifestação contra a desocupação de um prédio ao lado da Distribuidora de Suprimentos Disup, para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na avenida Leopoldo Bulhões
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores da comunidade de Manguinhos retomam rotina após ataques
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores da comunidade de Manguinhos retomam rotina após ataques
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O policiamento seguia reforçado na manhã desta sexta-feira nas regiões com unidades de Polícia Pacificadora que foram atacadas por bandidos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O policiamento seguia reforçado na manhã desta sexta-feira nas regiões com unidades de Polícia Pacificadora que foram atacadas por bandidos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O conflito começou por volta das 18h de quinta-feira, quando o comandante da UPP Manguinhos, na zona norte da capital fluminense, capitão Gabriel Toledo, foi ferido na perna direita durante uma manifestação contra a desocupação de um prédio ao lado da Distribuidora de Suprimentos Disup, para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na avenida Leopoldo Bulhões
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), durante o protesto, um policial foi atingido por uma pedra na cabeça e carros da polícia também foram atacados. A avenida Leopoldo Bulhões foi interditada pelos moradores com a queima de pneus e pedaços de madeira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradora recolhe destroços em meio à deflagração do confronto entre policiais e bandidos no Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O sistema de energia elétrica foi atingido pelo fogo e os moradores ficaram 12 horas sem luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O governador Sérgio Cabral está a caminho de Brasília onde deve se reunir com a presidente Dilma Rousseff para discutir os recentes episódios de violência nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio. Cabral, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame vão pretendem propor um plano de segurança para o estado. Cabral adiantou que vai solicitar o apoio das forças federais
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O governador Sérgio Cabral está a caminho de Brasília onde deve se reunir com a presidente Dilma Rousseff para discutir os recentes episódios de violência nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio. Cabral, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame vão pretendem propor um plano de segurança para o estado. Cabral adiantou que vai solicitar o apoio das forças federais
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O governador Sérgio Cabral está a caminho de Brasília onde deve se reunir com a presidente Dilma Rousseff para discutir os recentes episódios de violência nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio. Cabral, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame vão pretendem propor um plano de segurança para o estado. Cabral adiantou que vai solicitar o apoio das forças federais
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O sistema de energia elétrica foi atingido pelo fogo e os moradores ficaram 12 horas sem luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O sistema de energia elétrica foi atingido pelo fogo e os moradores ficaram 12 horas sem luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O sistema de energia elétrica foi atingido pelo fogo e os moradores ficaram 12 horas sem luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Policial vigia rua no Rio de Janeiro; recrudescimento do conflito e pedido de ajuda federal
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Marca de bala em placa da UPP
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O sistema de energia elétrica foi atingido pelo fogo e os moradores ficaram 12 horas sem luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Policial vigia rua no Rio de Janeiro; recrudescimento do conflito e pedido de ajuda federal
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Uma moradora, que preferiu não se identificar, acompanhou de perto o ataque à Unidade de Polícia Pacificadora de Manguinhos e chegou a ajudar duas policiais militares que acabaram encurraladas depois que os contêineres em que está instalada a sede da polícia na região foram incendiados.
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Ela conta que estava na casa da mãe, em frente à UPP, no fim da tarde de ontem, quando um grupo de cerca de 50 pessoas passou correndo e atirando pedras e coquetéis molotovs contra a UPP e mandando que os moradores entrassem em casa
Foto: Mauro Pimentel / Terra
"Quebraram tudo, jogaram pedra, colocaram fogo. Foram para cima do contêiner, os policiais ficaram tentando segurar a porta, até que não conseguiram mais e o pessoal invadiu e colocou fogo", lembra. "Parecia um filme de ação."
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Da casa da mãe ela viu quando os contêineres começaram a pegar fogo e a polícia deixou o local. Com medo, duas PMs que estavam dentro da unidade fugiram para baixo da escada da casa da mãe da moradora. "Elas começaram a chorar dizendo que iam morrer. Tentamos ajudar, acalmar elas", diz
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Depois, toda a comunidade ficou sem luz. Por conta do calor, a mulher conta que ela e vários vizinhos optaram por dormir em frente às casas
Foto: Mauro Pimentel / Terra
"Colocamos um tapete e um colchão no chão, me agarrei na minha filha de 7 anos e fiquei tentando dormir. Os outros vizinhos também foram para a rua, dentro de casa estava um forno. Os policiais ficavam passando, os helicópteros sobrevoando. Parecia uma cena de filme. Só meu marido não dormiu. Ficou sentado em uma cadeira cuidando da gente e olhando o que acontecia na rua", diz