Novo policiamento comunitário na USP começa nesta quarta
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo confirmou nesta terça-feira que um novo modelo de policiamento começará a ser colocado em prática nesta quarta-feira no Campus Butantã da Universidade de São Paulo (USP), conhecido como Cidade Universitária.
O chamado policiamento comunitário contará com 34 policiais militares, que atuarão exclusivamente dentro do campus da USP. Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre de Moraes, em breve, o número de policiais será ampliado e chegará a 42.
O novo modelo de policiamento foi anunciado depois que um estudante foi baleado em tentativa de assalto perto do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, no final do mês passado. O sistema é inspirado no método japonês Koban, cuja principal característica é a proximidade entre alunos, professores, funcionários e policiais. A intenção é que a comunidade acadêmica conheça o policial e que não haja rotatividade na equipe.
“A PM [Polícia Militar] vem aqui para garantir a segurança dos alunos, dos professores e dos funcionários e daqueles que aqui transitam. A polícia não vem, em momento algum, para se colocar em antagonismo à vida acadêmica”, disse o secretário. Segundo Moraes, a presença da polícia permitirá que a vida acadêmica transcorra com todas as suas opiniões diversas. "E essa é a beleza da democracia, que todos possam exprimir as suas opiniões, expressar as suas manifestações de forma absolutamente segurança.”
Os policiais que vão trabalhar no campus passarão, em breve, a usar um colete e um distintivo exclusivos com os símbolos da PM e da USP. Segundo o convênio firmado entre a SSP e a USP, os agentes da polícia comunitária deverão agir apenas na “garantia da segurança” da comunidade da universidade.
“Nenhuma outra função será atribuída a esses policiais, qualquer questão que necessite de polícia fora dessas questões – isso está no convênio [assinado hoje] – que fuja da especificidade de garantir segurança, isso será tratado por outros órgãos da polícia, jamais pelo policiamento universitário”, destacou Moraes.
De acordo com o reitor da USP, Marco Antonio Zago, uma nova forma de policiamento tornou-se necessária por causa do número crescente de casos de violência no campus. “Não podemos continuar expostos a essa violência porque nos apegamos a uma questão que é, em essência, não necessária nesse momento, que é a de que a cidade universitária não pode ser frequentada por nenhum tipo de força policial”, disse Zago.
“Claro que nenhum de nós esqueceu o que ocorreu durante os períodos em que a universidade foi agredida, durante os períodos militares. Isso ocorreu. Nenhum de nós esqueceu, alguns de nós fomos até vítimas disso. No entanto, faz 25 anos que o país foi redemocratizado. Nós vivemos em uma democracia plena. E temos que demonstrar plena confiança em nossos governos”, acrescentou o reitor.
A reportagem procurou o Diretório Central dos Estudantes da USP para falar sobre o novo esquema de policiamento na Cidade Universitária, mas ainda não obteve retorno.