'Nunca me senti tão livre', diz mulher presa por matar marido e esconder corpo em freezer
Mulher confessou o crime durante entrevista a canal no YouTube e afirmou que sofria agressões constantes e ameaças de morte
Uma mulher de 40 anos foi presa na segunda-feira, 21, suspeita de matar o companheiro e esconder o corpo dele dentro de um freezer em Lacerdópolis, no oeste de Santa Catarina. O corpo do motorista de caminhão Valdemir Hoeckler, de 52 anos, foi localizado na noite do último sábado, 19, no imóvel em que ele e a esposa viviam. Na segunda, Claudia Tavares Hoeckler se apresentou na delegacia.
Antes de se entregar à polícia, Claudia deu entrevista ao canal no YouTube do roteirista Roberto Ribeiro, ex-apresentador do Programa Investigação Criminal. Ela afirmou que sofria constantes agressões físicas, verbais e sexuais do marido e confessou o crime, dando detalhes de como o matou e de como era a vida com ele. Ela também alegou que sofria muitas ameaças de morte.
“Ele não me deixava fazer nada. Eu simplesmente não tinha vida própria. Eu não podia sair com as amigas. Eu ia no salão fazer o cabelo e eu tinha que sair com o cabelo molhado, porque ele estava me enchendo o saco porque eu estava demorando. Tinha que correr contra o tempo, a minha vida era sempre sob pressão”, afirmou Claudia.
Ela também afirmou que, em 2019, chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o companheiro e pedir medida protetiva contra ele, mas relatou que teve medo de seguir com a denúncia porque, na época, foi ameaçada por Valdemir. "Ele não me deixava sair do relacionamento e ameaçava matar minha filha, que é meu bem mais precioso", alegou ela.
Ainda durante a entrevista, Claudia afirmou que o crime ocorreu após ela ter "um surto" depois que o marido tentou impedi-la de ir a uma viagem com colegas de trabalho, que aconteceria no último dia 14. "Ele me bateu e disse que, se eu fosse, ele me buscaria e iria me matar". Segundo a mulher, ela tentou conversar novamente com o marido e, mais uma vez, foi ameaçada de morte. "Me deu um surto e pensei: ' se alguém vai morrer, que seja você'. [...] Eu tive que tomar essa decisão porque eu vi que ou era ele ou era eu", acrescentou.
Segundo Claudia, ela deu remédios para o marido dormir e depois usou uma sacola para asfixiá-lo enquanto ele dormia. Ela alega que o crime não foi premeditado e que os remédios que usou eram de seu sogro, que já faleceu. Após matá-lo e esconder o corpo no freezer de casa, ela foi fazer a viagem com as amigas.
“Eu tenho a certeza que estou viva e que ele está morto e não vai fazer nada contra mim. É até difícil dizer, mas agora vou cumprir a minha pena, vou para a cadeia, mas eu nunca me senti tão livre. E sinto que a minha filha está mais segura. Sei que vou parar de apanhar e ser agredida tanto fisicamente como psicologicamente. É uma liberdade, não sei explicar. Eu queria ajudar mais mulheres, para que tomassem decisões antes, não passassem tantos anos passando pelo que eu passei e no fim da história não acabar fazendo uma coisa como a que eu fiz, em que a gente acaba se sentindo um monstro", afirmou.
Em nota, a Polícia Civil informou ao Terra que, segundo informações do delegado Gilmar Bonamigo, a mulher suspeita pela morte do companheiro se apresentou à polícia na tarde da segunda-feira.
"Na ocasião, foi cumprido o mandado de prisão temporária contra a suspeita, que segue presa na Delegacia de Polícia. Durante esta segunda-feira, testemunhas foram ouvidas pela Polícia Civil com o objetivo de apurar a motivação para o crime. A investigação continua e a mulher deve ser interrogada nesta terça-feira (22)", informou a corporação.