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Polícia

Operação Tempus Veritatis: Coronel investigado por que estava nos EUA volta para o Brasil e é preso

Bernardo Romão Correa Neto é apontado como intermediador de uma reunião que planejou tentativa de golpe após as eleições de 2022; ele foi entregue para a Polícia do Exército e teve o celular e passaportes apreendidos. O Estadão busca contato com a defesa do militar, que ainda não se manifestou

11 fev 2024 - 12h28
(atualizado às 13h05)
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Bernardo Romão Correa Neto é apontado como intermediador de reunião que planejou golpe militar após as eleições de 2022
Bernardo Romão Correa Neto é apontado como intermediador de reunião que planejou golpe militar após as eleições de 2022
Foto: @CPORPAExercito via Facebook / Estadão

A Polícia Federal (PF) prendeu na madrugada deste domingo, 11, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto. Ele era o único dos quatro alvos que tiveram a prisão preventiva decretada na Operação Tempus Veritatis que ainda não estava sob a custódia da Justiça brasileira.

O coronel é acusado de integrar um grupo de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que incitavam militares a aderir a um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Correa Neto estava nos Estados Unidos desde o fim do governo Bolsonaro, quando foi designado para uma missão do Exército no exterior com término em junho de 2025. A ida do coronel para o território americano antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos motivos apontados para a sua prisão preventiva. O Estadão busca contato com a defesa do militar, que ainda não se manifestou.

Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a deflagração da operação da PF na quinta, a saída de Correa Neto do Brasil mostrou "fortes indícios de que o investigado agiu para se furtar ao alcance de investigações e consequentemente da aplicação da lei penal".

Segundo a PF, Correa Neto chegou no Aeroporto Internacional de Brasília nesta madrugada, onde já havia uma equipe da Polícia Federal à sua espera. Depois dos procedimentos iniciais, o coronel foi entregue para a Polícia do Exército e teve três passaportes e seu celular apreendidos.

A operação já havia prendido Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, e os militares Rafael Martins, tenente-coronel do Exército, e Marcelo Câmara, coronel da reserva e também ex-assessor do ex-presidente. Os três, assim como Correa Neto, eram alvos de mandados de prisão preventiva.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi detido na quinta-feira, quando buscas em sua casa mostraram posse de uma arma irregular. Ele foi solto na noite de sábado, 10. Segundo Moraes, "algumas circunstâncias específicas devem ser analisadas, uma vez que o investigado é idoso, tendo 74 (setenta e quatro) anos, e não teria cometido os crimes com violência ou grave ameaça".

Coronel é apontado como intermediador entre militares que planejavam golpe

Segundo o relatório da PF, Correa Neto era um "homem de confiança" do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e estava envolvido no planejamento do golpe de Estado. Ele teria sido o intermediador de uma reunião entre militares que planejavam uma medida golpista em novembro de 2022, logo após a derrota do ex-presidente nas eleições.

"Os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermediou o convite para reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais (Kids Pretos), o que demonstra planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do Golpe de Estado", afirma a decisão de Alexandre de Moraes.

Segundo a investigação, o golpe planejado por Correa Neto e outros militares e aliados de Bolsonaro previa o impedimento da posse de Lula e a prisão de autoridades como o próprio Moraes, que chegou a ser monitorado por um dos núcleos da organização criminosa. O processo envolveria também o decreto de estado de sítio por Bolsonaro, o que abriria brechas para uma intervenção militar.

Para a PF, a prisão de Correa Neto se justifica pela posição do coronel como um intermediador entre militares golpistas, o que poderia ser prejudicial ao prosseguimento das investigações, com riscos de destruição de provas.

Estadão
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